RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Eletrobras (SA:ELET3) precisará postergar dois leilões previstos para maio e junho, no qual venderia suas seis distribuidoras de energia e fatias em ativos de geração e transmissão, para atender exigências do Tribunal de Contas da União (TCU), disse nesta quarta-feira o presidente da estatal, Wilson Ferreira.
A nova mudança na data das licitações, que eram previstas inicialmente para acontecer ainda em 2017 e passaram por sucessivos adiamentos, aumenta dúvidas quanto ao sucesso dos processos, disseram analistas do Itaú BBA em nota a clientes divulgada pouco após a notícia.
O edital do leilão das distribuidoras aguarda posicionamento do TCU, e a venda das fatias minoritárias da companhia em usinas eólicas e linhas de transmisssão acabará impactada também para que haja um intervalo de cerca de um mês entre os certames, disse o executivo a jornalistas antes de reunião com investidores no Rio de Janeiro.
"O ideal era ter o conforto da decisão do TCU para evitar ações (judiciais)... Vamos esperar a manifestação do TCU e incorporar ao edital", disse ele, que agora prevê o leilão das distribuidoras para meados de junho e o dos demais ativos para julho.
Para os analistas do Itaú BBA, o sucesso na venda das distribudioras é "um dos mais importantes passos" para viabilizar uma privatização da Eletrobras que o governo tem prometido realizar neste ano-- um movimento que seria viabilizado por meio de uma capitalização da empresa com a emissão de novas ações.
"A nova mudança na data do leilão reitera nosso ceticismo com o processo. Nós acreditamos que há uma demanda fraca pela maior parte dos ativos", escreveram.
As distribuidoras da Eletrobras que serão vendidas operam em Acre, Alagoas, Amazonas, Roraima, Rondônia e Piauí.
(Por Rodrigo Viga Gaier; reportagem adicional de Paula Laier em São Paulo)