SÃO PAULO (Reuters) - A Eletrobras (BVMF:ELET3) cancelou temporariamente seu primeiro processo seletivo pós-privatização para contratação de novos profissionais após rescindir o contrato com a empresa responsável pela seleção, a Taqe, que aplicou aos candidatos questionário de conhecimentos gerais incluindo uma pergunta sobre condenação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que foi posteriormente anulada pela Justiça.
Para a Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel), uma questão relacionada à condenação de Lula, que citava entre as alternativas casos investigados pela operação Lava Jato, "deixou clara a tendência ideológica da empresa" Taqe, contratada para fazer o processo seletivo na Eletrobras.
Após denúncia e manifestação de repúdio da Aeel, a Eletrobras cancelou o processo do concurso.
"Tomamos conhecimento de que os testes envolviam questões inadequadas, o que contraria nossos valores e os princípios defendidos em nossos códigos e normativos, sendo uma conduta, portanto, inadmissível", disse a Eletrobras em comunicado divulgado na quarta-feira.
Por decisão do Supremo Tribunal Federal, o foro curitibano foi posteriormente declarado incompetente para julgar casos do tríplex no Guarujá e do sítio de Atibaia.
"Esta pergunta deixa clara a tendência ideológica da empresa contratada e consideramos uma afronta direta às decisões emanadas pelo Supremo Tribunal Federal que inocentou o presidente das práticas de lawfare", disse o Aeel, em nota de repúdio.
O processo seletivo, aberto uma semana antes, oferecia 351 vagas em todo o país para áreas operacionais, de manutenção e operação. Era o primeiro a ser realizado pela companhia após sua privatização, em meio a esforços para "oxigenação" de seu quadro de pessoal e busca por mais diversidade.
"Manifestamos nossas sinceras desculpas a todos os profissionais que chegaram a se inscrever no processo seletivo", disse a Eletrobras, acrescentando que a seleção será reaberta no futuro.
Já a Taqe afirmou, após a divulgação do caso, que se tratava de um teste com perguntas formuladas em 2020 com base nas informações disponíveis à época, antes de a condenação ter sido anulada, e que por "erro humano" o teste não foi atualizado desde então.
"(As perguntas)... aferem, apenas, o grau de conhecimento dos candidatos sobre temas presentes no noticiário do país, sem qualquer preferência política ou viés ideológico", disse a empresa em nota, na qual se desculpa pelo ocorrido e diz que o questionário foi excluído de sua base de dados.
(Por Letícia Fucuchima)