Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A Eletrobras (BVMF:ELET3) está avançando com a renovação de sua força de trabalho a partir da contratação de 1 mil funcionários, buscando trazer mais jovens para seu quadro de pessoal em meio à reestruturação em curso após a privatização da empresa, disse nesta quarta-feira o CEO da elétrica, Wilson Ferreira Júnior.
Em evento do banco Credit Suisse (SIX:CSGN), ele ressaltou ainda que outro foco da companhia ao longo de 2023 será a organização de sua área de comercialização de energia no mercado livre, uma atividade que não era uma "expertise" da Eletrobras e que se torna ainda mais importante diante do atual cenário de preços baixos da energia.
Do lado organizacional, Ferreira Júnior lembrou que a Eletrobras lançou um programa de demissão voluntária (PDV) no ano passado, que teve adesão de cerca de 2,5 mil empregados, principalmente da área operacional.
Agora, a Eletrobras tem buscado "oxigenar" sua força de trabalho e está apostando no crescimento de áreas que serão importantes para o novo momento da companhia, como as digital e de M&A (fusões e aquisições, na sigla em inglês), afirmou o executivo.
Segundo a CFO da Eletrobras, Elvira Presta, um acordo já firmado com o sindicato permitirá a abertura de um segundo programa de demissões voluntárias (PDV), até abril de 2024, envolvendo 20% de sua força de trabalho.
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA
A descotização das usinas hidrelétricas da Eletrobras a partir deste ano, conforme previsto no processo de privatização, liberará volumes expressivos de energia que poderão ser contratados no mercado livre, a preços de mercado.
Segundo Ferreira Júnior, a Eletrobras está concentrada em fortalecer sua área de comercialização ao longo de 2023, criando novos produtos que permitam à empresa capturar boas oportunidades de venda de energia em um cenário desafiador de preços baixos.
A elétrica já vendeu, no ano passado, boa parte do volume de energia disponível para mercado livre para 2023, a "bons preços". Resta comercializar ainda 13% do volume para este ano e cerca de 30% para 2024, disse o CEO.
Questionado sobre a possibilidade de o governo interferir no cronograma de descotização das hidrelétricas, ele disse acreditar que isso não seria factível, uma vez que esse calendário balizou o cálculo dos 26,6 bilhões de reais já pagos pela Eletrobras à União na privatização.
Ferreira Júnior avaliou que essa ideia, assim como a de aumentar o poder da União na companhia, são manifestações mais de cunho "político".
"O governo vai perceber as vantagens de ser sócio de uma empresa que tem perspectiva de crescimento", afirmou.
NOVAS OPORTUNIDADES
O CEO da Eletrobras apontou ainda que a companhia está analisando participar dos próximos leilões de transmissão de energia, um importante segmento de atuação da companhia.
Segundo ele, a empresa pode ser "muito competitiva" nos certames, mas terá disciplina financeira.
A Eletrobras ficou vários anos sem participar dos leilões de transmissão e, em meados do ano passado, voltou a ser vitoriosa ao arrematar um projeto em Rondônia.
(Por Letícia Fucuchima)