RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Eletrobras (SA:ELET3) está postergando alguns potenciais investimentos em projetos de sua carteira de expansão internacional, principalmente na América Central e na África, em razão das dificuldades financeiras enfrentas pela estatal, disse nesta quarta-feira o superintendente da área internacional da empresa, Pedro Luiz Jatobá.
Nos últimos dois anos, a estatal foi afetada pela redução nas tarifas de energia imposta por medidas do governo federal, pela escassez de chuva e pela menor geração hidrelétrica para preservar os níveis das represas.
O executivo da Eletrobras afirmou que a carteira internacional da companhia está passando por um rearranjo diante da nova realidade financeira.
A estatal vai priorizar projetos com maior sinergia energética com o Brasil, ou seja, aqueles empreendimentos em que o país poderá até utilizar a energia produzida em um país vizinho.
Jatobá acrescentou que a América do Sul é a prioridade para estatal enquanto oportunidades de negócios prospectadas na América Central e na África entrarão em compasso de espera.
"Os projetos que agregam a capacidade de oferecer energia também no mercado brasileiro passam a ser mais prioritários", disse ele, citando a possibilidade de construção de hidrelétricas binacionais com Argentina, Bolívia e Guiana.
O executivo evitou mensurar e quantificar essa redução no ritmo de expansão internacional da companhia, mas declarou que as possibilidades de parcerias terão que se adaptar à nova realidade da companhia.
"Obviamente que continuaremos o nosso trabalho de prospecção regional, mas esses projetos na África e na América Central vão ser desenvolvidos quando as condições financeiras indicarem uma atratividade", afirmou o executivo.
URUGUAI
Um dos parceiros mais fortes no Brasil na integração energética sulamericana é o Uruguai, onde a estatal já tem projeto em geração eólica e uma interligação com capacidade de transportar cerca de 70 megawatts.
Há ainda uma nova linha de transmissão com capacidade de 500 megawatts de intercâmbio de energia que está em fase de teste e deve ser energizada já no mês de novembro.
"O Uruguai é o país que mais avançou nessa integração com o Brasil... A integração é um caminho natural da região da América do Sul e a Europa já faz isso há anos. Em alguns momentos a interconexão com o Uruguai foi importante para suprir o Uruguai... Agora é o Brasil que precisa, com a questão hídrica", afirmou.
Apesar do foco na América do Sul, a Eletrobras está levando adiante também um projeto com a Queiroz Galvão e o governo da Nicarágua para a construção de uma hidrelétrica de cerca de 250 megawatts no país da América Central.
(Por Rodrigo Viga Gaier; Edição de Gustavo Bonato)