O CEO da corretora americana Robinhood, Vlad Tenev, defendeu seu modelo de negócios nesta quinta-feira, 18, durante uma audiência no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. O escrutínio dos parlamentares ocorre após a volatilidade causada nos mercados acionários americanos por movimentos especulativos de investidores de varejo, o que ficou conhecido como "caso GameStop".
"Nosso modelo de negócios está funcionando para os americanos comuns", afirmou Tenev na abertura da audiência. "Muitas pessoas dizem que a Robinhood os ajudou a pagar empréstimos para automóveis, reduzir dívidas de empréstimos estudantis, pagar as contas diárias e economizar para o futuro", acrescentou.
Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o crescimento da influência de operadores de varejo no mercado acionário dos EUA entrou em evidência. A avaliação de analistas é de que o aumento do número de pequenos investidores está relacionado ao surgimento de corretoras online que não cobram taxas, como a Robinhood, e a um ambiente de ampla liquidez fiscal e monetária.
"Aos nossos clientes, peço desculpas e saibam que estamos fazendo tudo que podemos para garantir que isso não aconteça novamente", declarou Tenev. Segundo o CEO, muitas corretoras observaram um aumento "maciço" de negociações em suas plataformas no final de janeiro, com um movimento "sem precedentes" no dia 28.
Sobre as restrições temporárias à negociação de ações da GameStop (NYSE:GME), ele afirmou que a medida foi necessária por causa da volatilidade, "para atender às crescentes exigências regulatórias de depósito, não para ajudar os fundos de hedge". Tenev também ressaltou que a Robinhood injetou mais de US$ 3 bilhões em liquidez para "se proteger" das exigências de garantias.
Os papéis da GameStop subiram mais de 400% na última semana de janeiro, com o aumento da demanda de usuários da rede social Reddit, mais especificamente do fórum WallStreetBets, o que causou um short squeeze no mercado.
O short squeeze ocorre quando um ativo dá um salto e força investidores que apostam em sua queda a comprá-lo, para evitar uma perda maior. Os grandes fundos de hedge que foram impactados pela especulação, como o Melvin Capital, haviam "alugado" papéis como os da GameStop.
O objetivo era vender essas ações no mercado e comprá-las de volta por um preço menor, embolsando a diferença antes de devolver os ativos ao dono original. No entanto, com a disparada das ações, esses fundos se viram obrigados a recomprá-las o mais rápido para zerar posição e evitar mais prejuízos - o que alimentou ainda mais a alta de preços, como uma bola de neve.