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Em meio à greve, BC não garante Focus na semana do Copom

Publicado 10.06.2022, 17:40
Atualizado 11.06.2022, 12:20
© Reuters.  Em meio à greve, BC não garante Focus na semana do Copom e diz que avisará a tempo se houver

Em meio à greve dos servidores, o Banco Central ainda não informou se publicará uma atualização do Boletim Focus, ainda que parcial, na semana que vem, antes do Comitê de Política Monetária, que se reúne nesta terça e quarta-feira, 13 e 14 de junho. "Como de praxe, avisaremos a tempo se for ter uma parcial da Focus na segunda-feira", se limitou a dizer o BC, após ser questionado sobre a divulgação por jornalistas.

A incerteza preocupa o mercado, pois parte das expectativas de mercado divulgadas na Focus é utilizada pelo BC em seus modelos de inflação, que, por sua vez, são relevantes no processo de decisão da taxa Selic. Os juros básicos estão em 12,75% ao ano atualmente e a maioria do mercado espera aumento para 13,25% ao ano nesta semana. Na atualização parcial divulgada na última segunda-feira, o IPCA de 2022 estava em 8,89% (acima do teto da meta de 5%) e de 2023, em 4,50% (superior ao alvo central de 3,25%, mas inferior ao teto de 4,75%).

Ontem, a autoridade monetária já havia informado que, devido ao movimento dos funcionários, o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), originalmente previsto para o dia 23 de junho, só seria publicado no dia 30, prazo final.

A greve dos servidores do BC foi iniciada em 1º de abril e tem se intensificado nas últimas semanas, especialmente após o governo informar que não haveria reajuste para o funcionalismo público federal este ano. Nesta semana, cresceu a participação dos funcionários de maior hierarquia na paralisação, com adesão de chefes-adjuntos e consultores.

Além disso, os chefes de departamento encaminharam uma carta à diretoria do órgão manifestando preocupação com agenda estratégica da autarquia diante da ausência de avanços na pauta de recomposição salarial. Os servidores pedem agora pela inclusão de um bônus de produtividade na proposta de minuta que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, prometeu encaminhar ao Ministério da Economia, com pautas não salariais. O Sindicato Nacional de Funcionários do BC (Sinal) ainda informou que cortou pela metade a demanda de reajuste, de 27% para 13,5%.

Dentre os impactos da greve nas atividades, além do atraso nas publicações, a Associação Nacional de Analistas do BC (ANBCB) afirma que diversas agendas normativas estão paradas, como a regulação prudencial das instituições de pagamento, questões relacionadas à Basileia 3 e novas regras de sustentabilidade, além de reuniões com o mercado sobre a regulamentação do novo marco de câmbio.

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