Por Marcelo Rochabrun
SÃO PAULO (Reuters) - A Embraer (SA:EMBR3) reportou nesta segunda-feira prejuízo de 433,6 milhões de reais no primeiro trimestre, com queda de vendas em razão da pandemia do novo coronavírus, além de reflexos do fracasso do acordo com a norte-americana Boeing.
Um ano antes, o prejuízo foi de 229,9 milhões de reais
A fabricante de aviões está discutindo propostas de financiamento com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com bancos privados no Brasil e no exterior, "principalmente uma voltada para financiar o capital de giro para exportações".
Na véspera, a Reuters noticiou, citando fontes do governo, que a companhia deve obter em junho financiamento junto ao BNDES e a bancos privados no valor de 600 milhões de dólares para atender a sua demanda de jatos executivos e comerciais para os próximos meses.
Nos primeiros três meses do ano, a Embraer teve uma queima de caixa ajustado de 2,9 bilhões de reais. Segundo a empresa, um ano antes, o uso de caixa livre ajustado foi de 2,495 bilhões de reais. A Embraer diz que o fluxo de caixa é historicamente negativo nos primeiros trimestres devido ao consumo sazonal de capital de giro.
A empresa disse que sua decisão de colocar funcionários em férias remuneradas em janeiro para finalizar os detalhes do acordo com a Boeing foi responsável por uma queda de 23% na receita. Em março, a Embraer novamente afastou os trabalhadores devido à pandemia de Covid-19.
A receita líquida da companhia totalizou 2,87 bilhões de reais, de 3,12 bilhões de reais no mesmo trimestre do ano anterior.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) somou 47,6 milhões de reais, um tombo em relação aos 120,3 milhões de reais um ano antes. A margem Ebitda caiu a 1,7%, de 3,9%.
A Boeing disse que compraria a maior parte da unidade de aviação comercial da Embraer por 4,2 bilhões de dólares, mas o acordo entrou em colapso repentinamente em abril, deixando a Embraer sem um plano B claro.
Na última sexta-feira, a Reuters noticiou que China, Rússia e Índia estavam rondando a Embraer e estudando possíveis movimentos, embora tudo ainda no campo preliminar.
Em comunicado separado, a Embraer disse nesta segunda-feira que atualmente não está negociando com a estatal COMAC da China, a Irkut da Rússia ou a Índia sobre qualquer possível acordo para substituir o da Boeing, acrescentando que avalia regularmente possíveis opções de parceria.