Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - Os resultados do quarto trimestre da EdP Energias do Brasil surpreenderam o mercado, com o Ebitda ajustado, de R$ 659,2 milhões, superando a estimativa de consenso da Bloomberg, de R$ 620 milhões, e a projeção da XP Investimentos, de R$ 528,6 milhões. O número, excluindo itens não recorrentes, ficou ainda 25% acima da projeção do BTG Pactual.
A XP, o BTG e a Mirae Asset classificam os resultados como positivos e mantêm recomendação de Compra para a ação, com preços-alvo de, respectivamente, R$ 21, R$ 22 e R$ 22,17.
O papel fechou as negociações desta segunda-feira em queda de 3,11%, a R$ 18,05, surfando na onda do Ibovespa, que caía 4,87%, aos 112.668 pontos. As ações sentiam o peso do aumento do risco político após a interferência de Jair Bolsonaro na Petrobras (SA:PETR4), apesar de o novo CEO, João Marques da Cruz, ter declarado que a companhia não crê em interferência do governo no setor elétrico.
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Os resultados acima do esperado, segundo a XP Investimentos, devem-se principalmente a um melhor desempenho no braço de gestão hidrelétrica da companhia, devido a uma melhor estratégia de alocação da garantia física e compras de energia para hedge, e a menores despesas gerenciáveis.
O BTG Pactual acrescenta a esta lista a compensação do GSF, o reajuste tarifário anual, o efeito positivo de sobre contratação devido a maiores preços spot, e resultados mais sólidos do braço comercial.
A performance da companhia no curto prazo, na visão da Mirae, deve continuar positiva: “Esperamos que a empresa se mantenha eficiente no controle de custos ao longo dos próximos meses, bem como em aumento de demanda, principalmente ao longo de 2021, com a expectativa de retomada da economia.’
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Para além do resultado, a companhia propôs um complemento de R$ 240,4 milhões ao pagamento mínimo de R$ 1 por ação de dividendos. Caso seja aprovado em assembleia, o montante representa dividendos de 2020 de R$ 599 milhões.
Adicionalmente, a companhia anunciou a substituição de Miguel Nuno Simões Nunes Ferreira Setas por João Manuel Veríssimo Marques da Cruz no cargo de CEO.
Como principais riscos para a ação, o BTG cita o fato de os setores de energia elétrica e água estarem sujeitos a interferências políticas ou jurídicas, o que pode afetar o fluxo de caixa; e uma mudança abrupta na taxa de câmbio, que pode impactar negativamente os investidores estrangeiros.