Engie Brasil vê cortes de geração renovável em 2025 em nível próximo ao de 2024

Publicado 21.02.2025, 12:53
Atualizado 21.02.2025, 13:25
© Reuters. Torres de energia eólican9/08/2024nREUTERS/Axel Schmidt

Por Leticia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) -A Engie Brasil Energia (BVMF:EGIE3) avalia que os cortes de geração renovável impostos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) devem se situar em 2025 em níveis próximos aos de 2024, com uma média de 10% da produção total.

As geradoras de energia têm sido bastante afetadas por cortes da produção de suas usinas eólicas e solares, um problema que reflete limitações no escoamento pela rede de transmissão e também um baixo crescimento do consumo para absorver a oferta cada vez maior de energia.

"Estruturalmente, fisicamente, não tem como ser diferente. Você tem novas adições de transmissão (de energia) modestas, nada relevante no radar aqui. Por outro lado, você continua tendo um crescimento importante de oferta, compensado pela demanda", afirmou o diretor financeiro e de RI da Engie Brasil Energia, Eduardo Takamori, durante teleconferência de resultados.

"Um nível de 10% médio do ano, deve ser aquilo, não colocaria nada muito diferente daquilo na projeção", acrescentou.

Parte dessas perdas por cortes, que podem tornar projetos inteiros inviáveis e impactar a decisão de investimentos futuros, são passíveis de ressarcimento. Porém há uma disputa judicial entre os geradores e a agência reguladora Aneel em torno dos valores a serem compensados.

Os cortes de geração se tornaram uma dor de cabeça para as elétrica principalmente a partir de 2024, quando atingiram níveis muito maiores do que os vistos até então.

Segundo as empresas, isso refletiu a adoção pelo ONS de uma operação "mais conservadora" do sistema elétrico após um apagão em agosto de 2023 relacionado a equipamentos de usinas renováveis no Nordeste.

O ONS, por sua vez, negou que tenha mudado sua forma de operar para restringir as fontes renováveis e tem buscado implementar novas regras para distribuir os cortes de forma mais equilibrada entre os diferentes polos de geração no Brasil.

As empresas se queixam de uma concentração muito alta das restrições de geração em áreas específicas, com projetos chegando a ter mais de 60% de sua produção de energia cortada, enquanto outros sequer são afetados.

O governo já havia identificado uma necessidade de ampliar a capacidade de escoamento de energia do Nordeste para o resto do país, e realizou nos últimos anos licitações de grandes linhas, que devem ajudar a reduzir o volume de cortes de geração.

A principal obra prevista é um bipolo de transmissão arrematado pela chinesa State Grid em leilão no fim de 2023. A empresa tem 72 meses para implantar o projeto, mas disse na época que pretendia antecipar esse prazo.

Outra alternativa que ganha força são as soluções de armazenamento de energia, com um leilão em estudo pelo Ministério de Minas e Energia e previsto inicialmente para este ano.

COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA

Já sobre comercialização de energia no mercado livre, Takamori afirmou que o setor tem visto uma subida dos preços de energia, além de maior volatilidade, o que pode motivar consumidores descontratados a buscar contratos do insumo para os próximos anos.

Segundo ele, depois de um período de chuvas abundantes, que trouxe os preços de energia para baixo, o mercado já tem reagido à possibilidade de menos afluências nos próximos meses, com os preços subindo "significativamente".

"Agora tem uma reversão, quase de consenso, que a partir de agora vai ter menos água chovendo onde precisa no Brasil... eventualmente antecipe o fim do período úmido. Aliado ao fato de o modelo de formação de preço estar mais avesso a risco, despachando mais termelétricas... você tende a gerar preços bastante interessantes".

O gerente de RI, Rafael Bosio, ressaltou que a companhia tem grande parte da energia de seu portfólio já contratada junto a clientes para os próximos anos, de forma que a geradora está mais interessada nos potenciais efeitos dessa tendência de alta dos preços para o médio e longo prazo.

(Por Letícia Fucuchima; edição de Roberto Samora)

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