Por Jessica Bahia Melo
Investing.com – Após a divulgação do balanço referente ao quarto trimestre de 2021, o Banco ABC Brasil (SA:ABCB4) aposta em tecnologia, ciência de dados e novos produtos para conquistar e fidelizar clientes, principalmente do segmento middle – de empresas de médio porte.
Os resultados operacionais vieram acima do esperado pelo mercado e o guidance da companhia para 2022 é crescer a carteira de crédito entre 12% e 16%. Dentro disso, no segmento middle, o objetivo é crescer em 40%. A expectativa é de um índice de eficiência entre 36% e 39%.
O Banco ABC Brasil atua nas carteiras comercial, de investimentos, financeira, crédito imobiliário e câmbio, por meio do ABC Corporate e ABC Personal. Em 2021, o lucro líquido atingiu R$572,2 milhões, um crescimento de 77,7% em relação ao ano anterior, enquanto o Retorno Anualizado sobre o Patrimônio Líquido (ROAE) no período foi de 12,8%, um crescimento de 500 pontos base na comparação com 2020.
O Investing.com Brasil conversou nesta segunda-feira com o vice-presidente de relações com investidores do Banco ABC Brasil, Sergio Borejo; e com o diretor de relações com investidores, Ricardo Moura.
Investing.com Brasil - No quarto trimestre de 2021 (4T21), o lucro líquido alcançou R$162 milhões, um incremento de 52,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. O que possibilitou esse aumento?
Sério Borejo – Ele foi uma continuação do que ocorreu durante todo o ano. O banco teve um aumento de clientes forte, basicamente no segmento middle. E esse aumento de clientes ajudou muito na margem, aumentamos a margem com clientes e as receitas de serviços. Esses foram os pontos que mais contribuíram para o aumento das receitas. Os níveis de provisão sobre a carteira já voltaram aos níveis pré-pandemia, então isso também ajudou bastante a impulsionar os resultados. O que diminuiu em partes esse ganho foi aumento das despesas, fruto da expansão comercial e dos investimentos em tecnologia e ciência de dados que utilizamos para fazer mudanças estruturantes no banco, que devem permitir no futuro que a gente atenda mais clientes de uma forma mais suave, principalmente em relação à análise de dados. O fluxo financeiro dos clientes tem aumentado, o número de transações, o número de pagamentos e recebimentos. Então a gente tem que estruturar o banco para entregar uma experiência cada vez mais suave, cada vez mais prazerosa. E tivemos novos produtos lançados nos últimos anos, como a comercializadora de energia e outros, o capital enterprise, corretora de seguros, crédito consignado privado que começou neste ano de forma ainda tímida, ainda não contribui ainda de uma forma significativa nas receitas de 2021.
Ricardo Moura - O ciclo de investimento começou em 2019 e agora no quarto trimestre de 2021 temos uma maturação para essas iniciativas começarem a dar resultado. Agora, a gente vê ainda muitas oportunidades e começa um novo ciclo de investimentos. Passamos novamente a fazer uma contratação mais forte de pessoas e investir em sistemas e em infraestrutura. É um ciclo, no curto prazo tem aumento mais relevante de despesas, mas o que a gente bota como ambição é que vamos ter um aumento equivalente de receitas de modo que o índice de eficiência, que é a relação custo sobre despesa, fique mais ou menos estável em um guidance para ano entre 36 e 39%.
Inv.com - Para este primeiro trimestre de 2022, em que o banco deve concentrar os esforços?
Sério Borejo - Nós vamos entrar em um segundo ciclo de investimentos. Então nós estamos basicamente investindo em expansão comercial, a ideia é aumentar a presença em lugares onde não estamos, Centro-Oeste, alguma coisa no Nordeste. Também vamos continuar investindo na tecnologia, ciências de dados, análise de informação dos clientes. Ainda, a corretora de seguros tem um enorme caminho para percorrer. O crédito consignado privado começou a pegar tração no final do ano também, no último trimestre. Vamos investir neste produto também. Vamos consolidar o que a gente vinha fazendo e alavancar o que começamos no final do ano.
Ricardo Moura - Todo o objetivo é aumentar número de clientes, ampliar portfolio de produtos para que ao longo do tempo haja um crescimento de receita mais diversificado e mais forte, com uma diluição de um custo fixo existente. Aumenta produto, aumenta cliente, a base de custo não cresce na mesma proporção e o estrutural cresce.
Inv.com - O banco iniciou no terceiro trimestre do ano passado a Corretora de Seguros, teremos novidades nessa área neste ano?
Ricardo Moura - A corretora de seguros começa no terceiro trimestre com três produtos. Agora no final do ano já veio uma linha nova de seguros, que é uma linha de ramos elementares: logística, frota, uma série de seguros dentro desses ramos, então pode aumentar o portfolio. A ideia é expandir também para agro, que é algo que a gente conhece bem e que tem uma parcela grande da carteira do banco focada. Vamos em duas direções, uma delas é aumentando a presença nos clientes, a outra é aumentando as linhas de seguros que a gente tem pra oferecer. Está indo mais rápido do que a gente esperava, tanto que a gente antecipou algumas linhas de seguros que seriam lançadas apenas no meio do ano.