Por Luciana Bruno
SÃO PAULO (Reuters) - A empresa de telecomunicações Algar Telecom projeta crescimento de até 10 por cento das receitas este ano, apostando na resistência da demanda por banda larga mesmo em um ambiente de retração econômica, disse o presidente do grupo Algar, Luiz Alexandre Garcia.
A Algar Telecom é uma operadora regional cuja área de concessão está localizada em 87 cidades do Triângulo Mineiro, Alto Parnaíba e noroeste de São Paulo, além de Goiás e Mato Grosso do Sul. A empresa também atua no segmento corporativo em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.
"O fenômeno da banda larga está se sobrepondo a essa cautela dos consumidores", disse Garcia em entrevista à Reuters. "Eu diria que a banda larga está sendo resiliente ao cenário econômico", declarou, completando não saber até quando essa resistência se dará.
Apesar de a projeção ser de crescimento, representa uma desaceleração frente à alta anual de 17,7 por cento da receita líquida da Algar Telecom no ano passado, quando totalizaram 2,2 bilhões de reais.
Com 19 mil quilômetros de fibra óptica nas regiões em que atua, a Algar Telecom pretende ampliar essa rede em mais 2 mil quilômetros este ano. Em 2014, a expansão foi de 1 mil quilômetros, disse Garcia.
Além dos negócios em telecomunicações, a Algar tem operações de tecnologia da informação e nos setores hoteleiro e de agronegócios.
Sem divulgar números, o executivo declarou que as receitas de janeiro e fevereiro da Algar Telecom mantiveram-se aquecidas pela demanda por Internet, tanto por parte de pessoas físicas como jurídicas.
"Existe uma pressão de custos pelo dólar, a infraestrutura de telecom é precificada na moeda norte-americana. Mas de forma geral, o grupo Algar teve um bom primeiro trimestre", disse.
O grupo Algar prevê investimentos de 500 milhões de reais em 2015 em todos os seus negócios, frente a 680 milhões de reais no ano passado. De acordo com Garcia, não se trata de uma redução dos aportes, uma vez que o ano passado teve eventos extraordinários como a compra da frequência de 700 MHz no leilão de 4G.
Mas a empresa tem previsão de forte corte de custos este ano. O plano é não reduzir o quadro atual de 25 mil funcionários, mas diminuir as novas contratações.
Constante alvo de abordagem de concorrentes interessados em comprá-la, a Algar Telecom não está à venda, disse Garcia. A operadora também não pretende abrir capital ou se capitalizar por enquanto. "Ainda temos como nos autofinanciar com o crescimento orgânico", declarou.
A operadora está apostando no novo programa do governo federal Banda Larga para Todos, promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff, que prevê expandir o alcance, melhorar a qualidade e reduzir os preços da banda larga no país.
Garcia ressalvou que o projeto precisa alcançar "viabilidade econômica".
"Estamos discutindo com o governo, procurando formas de viabilizar isso", disse, defendendo que, além da desoneração da infraestrutura de rede, haja desoneração do serviço de telecomunicações para que o preço ao consumidor caia.
CABO SUBMARINO
No ano passado, a Algar iniciou a construção de cabo submarino de telecomunicações no Atlântico em parceria com o Google, a uruguaia Antel e a Angola Cables.
O projeto de 500 milhões de dólares ligará as cidades de Santos (SP), Fortaleza (CE) e Flórida (Estados Unidos) e está em fase de mapeamento do fundo do mar, que deve ser concluído no fim deste mês. A previsão é que o cabo de fibra óptica submarino entre em operação entre o fim de 2016 e o início de 2017.
"O futuro das telecomunicações é a transmissão de dados, e o maior interesse de tráfego do Brasil hoje é para os Estados Unidos", disse Garcia. "Com esse cabo, teremos custos mais competitivos. Hoje nós alugamos, também pelo Atlântico, capacidade de cabos de terceiros."
A Algar Telecom pretende alugar sua capacidade de transmissão de dados do cabo submarino para outras empresas, e o foco será grandes companhias consumidoras de dados.