Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil (SA:BBAS3) vai ampliar contato comercial com concorrentes da Cielo (SA:CIEL3), da qual é sócio, buscando alcançar maior participação no mercado de adquirência de cartões, disse o vice-presidente de Negócios de Varejo do banco, Raul Moreira.
Segundo o executivo, a participação atual do BB no mercado de adquirência não condiz com a relevância da instituição no setor bancário e uma série de ofensivas está sendo planejada para corrigir isso.
"Hoje estimamos nossa participação na atividade de emissão de cartões em cerca de 24 por cento e apenas de 16 por cento na atividade de credenciamento", disse Moreira à Reuters.
Embora as grandes adquirentes sejam controladas por bancos -- a Cielo, líder com 52 por cento do setor, é controlada por BB e Bradesco (SA:BBDC4), a Rede é do Itaú Unibanco (SA:ITUB4) e a GetNet pertence ao Santander Brasil (SA:SANB11) - os lojistas que adquirem um aparelho para processar pagamentos com cartões, o chamado POS, podem escolher o banco para se relacionar.
Na prática, o BB avalia que independente da credenciadora que escolhem - e em boa parte dos casos, operam com mais de uma - o banco não é parceiro comercial preferido dos lojistas, mesmo sendo o maior banco do país em crédito e ativos.
Para tentar reverter esse cenário, o BB vai atuar em três frentes, disse Moreira. A primeira é o uso da rede capilarizada de agências para ampliar o uso de meios eletrônicos em regiões e segmentos econômicos nos quais as transações com cédulas ainda são maioria.
"Só com isso achamos que podemos aumentar nossa participação de mercado entre um e dois pontos percentuais", disse Moreira.
Em outra frente, o BB também vai tentar convencer lojistas a ter o banco como principal parceiro, mesmo que usem uma credenciadora rival da Cielo.
"Naturalmente sempre teremos a Cielo como nosso principal parceiro comercial", ressalvou Moreira. "Mas não temos exclusividade com a Cielo."
Por último, o banco está avaliando oportunidades do mercado, embora não esteja analisando nenhuma aquisição no momento, afirmou o executivo.
A declaração vem após a Reuters ter publicado no mês passado que BB e Bradesco, por meio da joint venture Elopar, estavam negociando a compra da Elavon, adquirente de menor porte que tem o Citigroup como sócio. As negociações teriam enfrentado questões do órgão de defesa da concorrência, o Cade.
A revelação levou investidores a se questionarem sobre qual motivação faria BB e Bradesco serem donos de uma adquirente rival da Cielo, eventualmente provocando uma competição interna.
Segundo Moreira, embora entenda que pode ampliar sua participação bancária na adquirência, do ponto de vista societário o BB está satisfeito com a Cielo. Ele também negou que haja pressão do banco para obter maiores repasses de recursos da adquirente.
"O relacionamento está extremamente a contento do banco. Não há motivo para mudar a robustez da nossa parceria com a Cielo", disse Moreira.