Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A temporada de resultados corporativos de segundo trimestre no Brasil deve ser novamente positiva, avalia o estrategista-chefe da XP Investimentos, Fernando Ferreira, citando feedback inicial das empresas.
"Em vários setores, a gente sente um ânimo por parte dos empresários de que as coisas estão indo bem, o que indica que provavelmente o segundo trimestre vai ser outro trimestre positivo", afirmou à Reuters.
Ele acrescentou que havia uma preocupação sobre os potenciais efeitos da segunda onda de Covid-19 nos balanços do período, mas que não tem ouvido relatos de que os negócios desaceleraram. "As empresas continuam animadas."
Nos primeiros três meses do ano, um número relevante de companhias apresentou dados em linha ou acima do esperado - cerca de 80% de acordo com levantamento da XP. Uma continuidade desse movimento, avaliou, deve referendar as expectativas positivas para o ano.
Para o segundo semestre, ele destacou que os prognósticos são bastante otimistas, na esteira do processo de vacinação, com reabertura e aceleração da economia.
Nesse contexto, o estrategista avalia que ações relacionadas à reabertura e melhora da economia brasileira, como papéis de shopping centers, setor imobiliário, educação e varejo, devem continuar liderando a bolsa no curto prazo.
Apesar da forte alta de várias ações recentemente, ele destacou que muitos ainda estão com preços abaixo dos níveis pré-pandemia. "Voltando algum tipo de normalidade, (essas ações) poderiam continuar recuperando."
Ferreira ressaltou, contudo, que continua otimista com setor de matérias-primas, tanto pelo prognóstico ainda positivo para o ciclo de commodities como para as empresas.
ESTRANGEIROS
O estrategista também chamou a atenção para uma redução das preocupações macroeconômicas e políticas no país no curto prazo, após um começo de ano mais tenso, o que permitiu a investidores olharem os fundamentos das companhias.
"E a história micro de Brasil é muito boa, as empresas estão muito bem, com situação excelente de caixa, endividamento muito baixo, aumentando pagamento de dividendos, crescendo lucros."
Ele acrescentou que eventos como a aprovação da privatização da Eletrobras (SA:ELET3) no Congresso Nacional, o avanço nas discussões das reformas e números fiscais melhores do que o esperado também fizeram o país voltar ao radar dos estrangeiros.
"Essa diminuição desses macro riscos deu mais segurança para o estrangeiro voltar a olhar para o Brasil", afirmou, citando a aceleração do fluxo externo para a bolsa paulista principalmente a partir de maio.
Após fechar o mês passado com saldo de capital externo positivo de 12,20 bilhões de reais, as entradas superam as saídas em 14,86 bilhões de reais em junho no segmento Bovespa, segundo os dados mais recentes da B3 (SA:B3SA3) até o dia 21.
Ferreira, que se reuniu recentemente com investidores estrangeiros, ponderou, contudo, que ainda não há um sentimento de euforia em relação ao Brasil, com o desempenho fiscal no médio prazo e as eleições em 2022 sendo as principais dúvidas.
"O estrangeiro ainda está fazendo apostas mais táticas em vez de assumir grandes posições estruturais em Brasil."