A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançou nesta terça-feira, 17, uma plataforma para coleta de dados sobre a instalação de data centers no País. O objetivo é auxiliar o planejamento na área de energia elétrica para instalação desses centros, principalmente no segmento de transmissão. Segundo a EPE, o Brasil tem todas as condições de se transformar em um hub de data centers do mundo inteiro, mas é preciso planejar para evitar gargalos no futuro.
O consumo de energia elétrica deve explodir com a chegada da Inteligência Artificial, que usa 10 vezes mais energia em suas buscas do que o Google (NASDAQ:GOOGL). A energia elétrica corresponde à metade dos custos de um data center, o que está fazendo esse segmento buscar cada vez mais lugares onde a energia seja barata e limpa, o que torna o Brasil um candidato competitivo para atrair essa indústria.
De acordo com o presidente da CPFL Energia (BVMF:CPFE3), Gustavo Estrella, presente no lançamento da plataforma, a empresa tem recebido pedidos de conexões do setor que, de agosto até hoje, evoluíram de 2 gigawatts (GW) para 3,5 GW, "o que demonstra a velocidade desse crescimento".
"Dá até angústia, porque não tem condição de em tempo hábil fazer essa conexão. A gente precisa se perguntar se o Brasil quer ser hub de tratamento de dados no mundo ou não", disse Estrella em webinar promovido pela EPE para o lançamento da plataforma, ressaltando que a atração de data centers para o Brasil devem fazer parte de uma política pública e pode trazer trilhões de reais de investimentos para o País.
Ele ressaltou que o tempo entre a decisão de investimento em uma linha de transmissão e sua implantação leva tempo, cerca de sete anos, segundo a EPE, e a iniciativa da autarquia pode facilitar esse objetivo.
"É a nossa chance de ter crescimento de consumo de energia, exportando energia limpa. Estamos com a faca e o queijo na mão, a nossa matriz já cresce de fontes renováveis. Para fazer isso a gente vai ter que tomar algum risco e tem que ser no âmbito de País. Nosso desafio é como minimizar esses riscos e transformar o Brasil em um hub de dados", disse Estrella. "Essa janela daqui a pouco fecha, se perder essa oportunidade agora não vai ter lá na frente condições de atrair essa indústria para cá", acrescentou.
Planejamento
Para o assessor da presidência da EPE, Francisco Victer, a contribuição dos investidores com informações sobre os planos de instalação de data centers no País vai facilitar o planejamento em todos os segmentos da indústria de energia elétrica. O investidor vai inserir na plataforma o volume de eletricidade que irá demandar e o prazo que pretende instalar o data center.
"A colaboração entre diferentes agentes do setor vai atender à demanda crescente da economia digital. É uma reflexão de como planejar essa integração de infraestrutura crítica alinhada à meta de descarbonização", afirmou.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), Renan Alves, também no evento, essa indústria tem crescido na ordem de 13% a 15% por ano no País.
Victer organizou o webinar, que trouxe representantes de ministérios, agências e outros órgão governamentais ligados ao assunto para atualizar as iniciativas que estão sendo tomadas para acompanhar o crescimento dos data centers no País.
Guilherme Correa, coordenador-geral de Tecnologias Digitais do Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação (MCTI), informou que até 2028 serão investidos R$ 23 bilhões no Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (Pbia), e que a política para os data centers poderá se beneficiar desse plano."Os recursos estarão disponíveis a partir do ano que vem e estamos com foco total no Pbia", disse Correa.