SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil tem potencial para a construção de 11 gasodutos terrestres, com investimentos estimados de cerca de 17 bilhões de reais, afirmou nesta quinta-feira o diretor de estudos do petróleo, gás e biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), José Mauro Coelho.
Os dados fazem parte de novo estudo elaborado pela empresa estatal, chamado Plano Indicativo de Gasodutos de Transporte (PIG), com o objetivo de mapear oportunidades de investimentos no setor de gás natural no país, diante dos planos do governo federal para abrir e expandir o setor.
Os 11 gasodutos possíveis, segundo o executivo, poderiam agregar 1,7 mil quilômetros à atual malha de transporte de gás do país, de 9,4 mil km. Para comparação, a Argentina tem atualmente uma malha de 30 mil km, enquanto os Estados Unidos têm 485 mil km.
"A EPE tem uma preocupação muito grande... que nós não estejamos criando ilhas isoladas de oferta e demanda (de gás natural), mas que ofertas adicionais efetivamente possam ser conectadas à malha de transporte de gasodutos do Brasil", disse Coelho, durante apresentação em conferência Rio Pipeline.
Um crescimento eficiente da malha, frisou Coelho, é um dos objetivos do programa governamental Novo Mercado de Gás, que traz uma série de medidas para a atração de capital privado, enquanto a Petrobras (SA:PETR4) deixa completamente os setores de distribuição e transporte.
Dentre os projetos mapeados pela EPE --o que inclui gasodutos já autorizados ou a possível ampliação de existentes--o Gasoduto Brasil Central é o que prevê o maior investimento, de 7,1 bilhões de reais, com 905 km de extensão e vazão de 6 milhões de metros cúbicos por dia.
Tal projeto, ressaltou ele, liga o trecho norte do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), em São Carlos (SP), à Brasília, passando por diversas cidades.
"Passa por regiões importantes como Ribeirão Preto, Triângulo Mineiro, Uberaba, Uberlândia e também ali em regiões de fronteira com o agronegócio brasileiro, como Goiânia", afirmou Coelho.
O segundo maior projeto apontado pela EPE, em termos de aportes, refere-se ao trecho 2 do gasoduto Uruguaiana (RS)-Porto Alegre (RS), com 594 km de extensão e 15 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, com investimentos de 4,6 bilhões de reais.
"Esse duto passa por regiões importantes... e principalmente permite uma interligação do gás argentino com o gás brasileiro, através de Uruguaiana", afirmou.
Outros projetos mapeados consideram diversos tipos de sinergias, como com terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL) em construção ou que serão construídos, conexões com projetos de fertilizantes, petroquímica, dentre outras questões.
(Por Marta Nogueira)