Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Representantes do governo de transição pediram nesta segunda-feira em reunião virtual com o presidente da Petrobras (BVMF:PETR4) e outros integrantes da petroleira e do atual governo que o plano de desinvestimentos da empresa seja suspenso, até que uma nova gestão da companhia tome posse, disse à Reuters Maurício Tolmasquim, que integra o grupo que trata de questões de Minas e Energia.
Durante o encontro de pouco menos de uma hora, o primeiro com a petroleira após Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter vencido às eleições, os representantes da Petrobras não se posicionaram formalmente se acolheriam o pedido, disse Tolmasquim.
No entanto, assinalaram que há processos que se fossem interrompidos poderiam gerar penalidades ou prejuízos à companhia, explicou.
"Assinalamos que, como vai mudar o conselho e a diretoria da Petrobras, que nós consideramos prudente suspender pelo menos por um tempo o plano de desinvestimentos que está em curso. Justamente para dar tempo dos novos conselho e diretoria tomarem decisão que poderia ser de seguir adiante ou interromper", disse Tolmasquim por telefone, após deixar o encontro.
"A lista dos ativos (à venda) a gente já conhece... o ideal seria suspender tudo até o novo conselho. É claro que havendo situações em que o prejuízo ou o custo da paralisação seja pior que a continuação (da venda), isso será analisado. Em última instância, a decisão é da diretoria."
Um pedido de suspensão de venda de ativos que não causem perdas à Petrobras será formalizado por meio de ofício, disse ele, acreditando que não deve ter início qualquer novo processo de desinvestimento neste momento.
Tolmasquim pontuou que a reunião foi "muito boa" e que tanto o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, como os diretores e demais participantes se colocaram à disposição.
FORMA DE TRABALHO E TROCA DE COMANDO
Nessa primeira reunião, os grupos não trataram de temas envolvendo troca de comando da petroleira.
Segundo Tolmasquim, o tema é "sensível" e "não caberia fazer essa discussão agora, dessa forma".
Na semana passada, a Reuters publicou que o novo governo poderá levar mais tempo do que o desejado pelo PT para começar a imprimir suas visões estratégicas na Petrobras, caso se confirme a intenção do atual presidente da companhia de deixar o comando apenas no fim de seu mandato, em abril de 2023, segundo fontes com conhecimento do assunto.
Os participantes da reunião também discutiram na tarde desta segunda-feira estratégia de trabalho, o ponto focal para contatos, como tratar informações confidenciais, dentre outras questões necessárias para dar início à transição.
"A Petrobras é uma empresa de mercado.. Tem que ter cautela", afirmou Tolmasquim, destacando ainda que talvez seja necessário criar um data room para preservar informações sigilosas.
"Tratamos de assuntos preliminares, como confidencialidade de documentos e trocas de informações. Definimos ainda critérios de sigilo, classificação e tipos de dados bem como a forma como deverão circular", acrescentou o relator do subgrupo Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do GT de Minas e Energia, senador Jean Paul Prates (PT-RN), em nota.
"Estamos buscando todas as informações para nosso relatório, tendo, obviamente, todos os cuidados para evitar especulações indevidas e vazamento de informações", disse Prates, visto por alguns como possível candidato ao cargo de CEO.
Uma próxima reunião poderá ocorrer na próxima segunda-feira, no modelo presencial, mas ainda não foi confirmada.
Em nota, a Petrobras afirmou que "foram estabelecidos os primeiros passos para uma transição profissional e dentro das boas regras de governança".
Disse ainda que se colocou à disposição para fornecer todas as informações necessárias para que a equipe de transição conclua um primeiro diagnóstico que deve subsidiar a próxima gestão.
"O pedido de informações deve ser formalizado nos próximos dias", afirmou a empresa na nota.
Além do presidente da Petrobras, participaram da reunião o diretor de Relacionamento Institucional e de Sustentabilidade, Rafael Chaves; o diretor de Governança e Conformidade, Salvador Dahan; e a advogada-geral da Petrobras, Taisa Maciel.
Pela equipe de transição, estiveram presentes o senador Prates, o professor Tolmasquim e outros integrantes da equipe de transição, além de representantes do Ministério de Minas e Energia e da Casa Civil.
(Por Marta Nogueira)