Cádiz, 17 nov (EFE).- A Espanha afirmou, durante a Cúpula Ibero-Americana de Cádiz, que a América Latina tem as portas abertas para ajudar o país e toda zona do euro a passar pela crise o mais rápido possível.
Tanto nos discursos dos líderes latino-americanos, como nas reuniões bilaterais que mantiveram o rei e o Chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, durante os dois dias da cúpula, foram ouvidas mensagens nessa direção.
Rajoy explicou que constatou a "excelente disposição" da América Latina para contribuir para que a zona do euro supere o momento que atravessa e deixe de ser praticamente a única região do mundo em situação de recessão.
"Necessitamos mais integração ibero-americana", disse, na sexta-feira, o rei Juan Carlos que, da mesma forma que Rajoy, deixou patente seu reconhecimento aos esforços extraordinários que estão sendo realizados na América Latina para gozar hoje de uma notória melhora econômica.
A Espanha vê essa situação como exemplo para superar a crise e Rajoy, perante o plenário da cúpula, destacou que a América Latina ganhou seu peso atual por seus próprios meios, "com esforço e com paciência, combinando a necessária austeridade e políticas próprias de crescimento econômico e coesão social".
Uma experiência, que segundo Rajoy, constitui "uma mensagem de esperança" perante a situação da Espanha e da Europa.
Rajoy considerou que se a América Latina é uma oportunidade para a Europa, a UE também é para essa região, convidando as empresas para aumentar a presença na Espanha e em todo o continente europeu.
"O investimento latino-americano é amparado de braços abertos", enfatizou, ao mesmo tempo em que pediu que, para isso, a segurança jurídica seja "um valor partilhado e respeitado em ambas as regiões".
Tanto o rei como Rajoy consideram que Cádiz serviu para fortalecer a comunidade ibero-americana, que, para o monarca, é "um firme realidade".
Ambos destacaram que na cúpula foram tratados assuntos que afetam os problemas reais de seus cidadãos.
No entanto, defendem a reflexão que vai ser realizada no próximo ano sobre o futuro destas reuniões a fim de expor suas conclusões na cúpula prevista no Panamá em 2013, onde é previsível que se decida que os chefes de Estado e de Governo ibero-americanos se reúnam a cada dois anos.
O rei e Rajoy iniciaram a jornada com o já tradicional café da manhã de trabalho com os líderes americanos, e, posteriormente, o chefe do Governo manteve conversas bilaterais com o presidente do Chile, Santiago Piñera, e Panamá, Ricardo Martinelli.
O príncipe das Astúrias assistiu à jornada de encerramento da cúpula, e o ministro das Relações Exteriores, José Manuel García-Margallo, protagonizou reuniões com seus colegas da Argentina e Cuba.
O titular das Relações Exteriores argentino, Héctor Timerman, foi o primeiro contato público de alto nível entre os Governos de ambos os países após a desapropriação, em abril, da companhia petrolífera YPF.
Na reunião, segundo fontes diplomáticas, foram abordados "todos" os assuntos da agenda bilateral em um clima de sintonia e "franco diálogo".
O encontro com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, foi o segundo em menos de 48 horas e conversaram sobre o caso do jovem espanhol Ángel Carromero, preso após um acidente de trânsito no qual morreram os opositores Oswaldo Payá e Harold Cepera.
Na quinta-feira, Cuba disse que o pedido da Espanha para a pronta repatriação de Carromero seria "devidamente considerado" sobre base nos acordos jurídicos que ambos os países mantêm. EFE
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