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Exclusivo: Azevedo & Travassos (AZEV4) passa do turnaround para foco em petróleo

Publicado 01.09.2023, 09:25
© Azevedo & Travassos
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Investing.com – A Azevedo & Travassos (BVMF:AZEV3), que atua no segmento de engenharia como prestadora de serviços para o setor público e privado, teria passado por uma reestruturação completa e agora mira no setor de petróleo, com o objetivo de pelo menos uma aquisição neste ano, com produção iniciando ainda em 2023. Após assinatura de memorando de entendimento (MoU) para eventual aquisição na Petroil, empresa iniciou agora a fase de due diligence, que deve ser encerrada em cerca de 60 dias, segundo Gabriel Freire, presidente do Conselho de Administração da companhia, que falou com exclusividade ao Investing.com Brasil.

Com abertura de capital realizada nos anos 1980 vinculada ao petróleo, o momento atual estaria mais propício, avalia Freire. “No momento, pagou preço de ser precursora. Hoje em dia, mercado de exploradores privados de petróleo é mais maduro e mais estável”.

Centenária, a empresa já teve três controladores, sendo atualmente a Rocket Capital, e participou de obras importantes como as da Linha 15-Prata do Metrô de São Paulo. A holding contempla um grupo empresarial de infraestrutura, formado por duas empresas operacionais: Azevedo & Travassos Infraestrutura e Heftos Óleo & Gás Construções.

Confira a entrevista na íntegra com o presidente do Conselho da companhia:

Investing.com: Apesar do primeiro trimestre deste ano com prejuízo de R$20,1 milhões, a companhia reportou lucro líquido no segundo trimestre de R$42,3 milhões. No release de resultados, a informação foi sobre um resultado operacional melhor, com a renegociação bem-sucedida do valor do passivo tributário da companhia, entre outros fatores. Como está a tendência para o segundo semestre?

Gabriel Freire: A empresa tem auferido resultados cada vez menos negativos, ou mais positivos, desde que a Rocket assumiu o controle dela. A companhia tem hoje 101 anos de vida e teve, ao longo da história, três controladores. Os primeiros controladores deram nome à companhia, o Francisco Azevedo e o Francisco Travassos. Depois, a companhia passou para o controle da família Mendes, liderada pelo empreiteiro Bernardino Mendes, que controlou a companhia pessoalmente.

Em 2019, a Rocket Participações, que eu represento, assumiu o controle. No final do período de controle da família Mendes, principalmente depois de 2014, o mercado de infraestrutura inteiro sofreu um colapso, uma tempestade perfeita com: as investigações da Operação Lava Jato sobre as empresas de construção; a Petrobras (BVMF:PETR4) em dificuldade financeira; a Vale (BVMF:VALE3) impossibilitada de fazer investimentos novos porque estava resolvendo as questões de Brumadinho e Mariana; e o BNDES, que era o maior financiador do setor, a partir de 2016 fechou as linhas de crédito de greenfield. Então, isso terminou criando uma tempestade perfeita e desestabilizou todo o mercado de infraestrutura.

A Azevedo & Travassos nunca teve nenhum problema, nenhum envolvimento com Lava Jato, mas ela terminou sendo pega na contramão desse processo, porque exatamente por não ter problemas de compliance, tinha imaginado que a partir de 2014 iria voltar a ser uma protagonista no setor de infraestrutura. E ela terminou se endividando e crescendo seu capital humano para isso.

Como o mercado inteiro veio abaixo, a companhia não conseguiu contratos novos, ela tinha uma estrutura operacional que a gente corrigiu ao longo dessa fase de reestruturação. Como ela só operava projetos de greenfield, precisava dessa renovação de poder garantir sua receita operacional. Quando o mercado veio inteiro abaixo, como a empresa não tinha receita recorrente, terminou paralisando as atividades dela em 2019. Foi nesse ano que a Rocket assumiu o controle da companhia.

A Rocket considerou que a Azevedo & Travassos, por ser centenária e por ter participado de todas as fases da história da infraestrutura no Brasil, tinha um acervo técnico, operacional muito grande e existia desde 2018 uma expectativa de retomada maciça dos investimentos de infraestrutura, renovada em seguida pelo marco regulatório de saneamento, marco regulatório do gás, marco regulatório das ferrovias. São marcos importantes que terminaram destravando o investimento privado no setor de infraestrutura.

Agora neste início, não era parte da tese, mas agora nesse novo governo, existe também a iniciativa pública de investimento maciço em infraestrutura com a aprovação do novo PAC. Mas desde lá de trás o entendimento era de que, com esses investimentos privados, existiria o aumento muito grande de demanda de execução de projetos novos e foi exatamente nessa tese que a Rocket se embasou para fazer o investimento inicial de retomada da operação de Azevedo.

Então, a partir de janeiro 2020, a companhia montou um plano de reestruturação que visava não recorrer a nenhum processo de recuperação judicial ou extrajudicial para financiar sua reestruturação. A companhia se baseou nos próprios ativos e em ferramentas não judiciais para conseguir fazer a sua reestruturação.

O que ela fez? Ela tinha basicamente três pilares de passivo. Ela tinha um passivo trabalhista muito grande, que era oriundo exatamente dessa fase anterior até 2018, de imobilização, de paralisação das suas atividades. Esse passivo ele foi tratado por meio da negociação de um PPLE, Plano Prévio de Liquidação de Execuções Trabalhistas. Nada mais era, no final do dia, que uma negociação coletiva para organizar e pagar mensalmente os saldos devedores de execuções trabalhistas.

Na esfera tributária, a empresa aderiu ao Refis e depois ela fez uma transação tributária, usou o prejuízo fiscal para liquidar o seu passivo tributário e, na esfera quirografária, planejou e executou três aumentos de capital. O planejamento foi feito com um aumento de capital por ano ao longo dos anos seguintes para financiar o pagamento do passivo da companhia e a retomada da sua atividade operacional. Nos três aumentos que foram executados, foi levantado R$43 milhões em 2020, R$53 milhões em 2021 e R$70 milhões em 2022.

O que a companhia fez com esse recurso? Primeiro, esses aumentos todos eles foram ancorados pela Rocket. Então, a Rocket sempre atuou antecipando a sua participação nos aumentos de capital, ou seja, financiando primeiro a retomada operacional da companhia, a negociação com os credores quirografários e, por fim, o crescimento da sua atividade operacional. Tudo isso foi sendo feito por meio de aportes mensais seguidos e estruturados.

A companhia aumentou sua receita operacional, ela faturou R$27 milhões em 2020, R$90 milhões em 2021 e R$480 milhões em 2022. Então, o crescimento, a retomada operacional da companhia, foi um movimento em V. Mesmo assim, caindo vertiginosamente entre 2016 e 2019, foi possível crescer novamente.  Ao longo de todos os trimestres desse período de 2020 a 2023, a companhia demonstra uma retomada consistente de atividade operacional e de geração de caixa.

Inv.com – Também no release de resultados, a companhia disse que continua direcionando esforços para a reestruturação do passivo. Quais são as principais medidas já tomadas e quais serão realizadas na sequência?

GF: Os prejuízos auferidos no semestre e trimestres anteriores têm um reflexo, uma origem contábil muito grande. Hoje, temos duas empresas operacionais. A Azevedo & Travassos infraestrutura e a Heftos Óleo & Gás Construções. Na Infra, desde o primeiro trimestre operacional de 2020, é possível verificar o resultado de lucro operacional. Então a empresa é geradora de caixa. O problema é que a companhia estava se reestruturando na holding, que era detentora maior da dívida, e o serviço da dívida ainda não negociada, o pagamento de fornecedores, despesas não recorrentes, terminavam gerando um prejuízo contábil que foi sendo reduzido ao longo desses três anos.

Já a Heftos, que foi adquirida pela Azevedo em 2021, começa a contar como resultado operacional para a gente no exercício de 2022. Foi realizada novamente uma restruturação nessa companhia, adquirida de um grupo que estava em recuperação judicial, fez parte do preço, então nós sabíamos que a empresa precisaria de uma reestruturação financeira. Embora ela fosse geradora de caixa na última linha, ela não conseguia mostrar essa geração de caixa porque no ano de 2022, a gente teve que fazer um corte de 40% da mão de obra e reajuste da gerência.

Então, fomos investindo na implementação de controles de gestão como Totvs (BVMF:TOTS3), sistema Totvs de estoque, isso tudo são despesas e ou investimentos não recorrentes que foram realizados em 2022 e que terminaram escondendo a geração de caixa da companhia. Além disso, houve a renegociação de alguns contratos.

A Heftos já é uma empresa que passou da fase de reestruturação. A única exceção que pode existir no terceiro trimestre vem do fato de que a gente teve um rompimento não previsto de contrato com Arteris (BVMF:ARTR3) e tivemos que judicializar essa questão, nós não concordamos com a atitude da Arteris de rescisão unilateral.

Acredito que até o final do ano isso seja amortizado pelo ingresso de novas obras dentro do Azevedo Infra e no final a gente consiga terminar o ano com resultado positivo.

Inv.com – A empresa deve produzir petróleo ainda em 2023? Como estão as tratativas após assinatura do um memorando de entendimento (MoU), para eventual aquisição na Petroil?

GF: A ideia da companhia é terminar o ano concluindo ao menos uma aquisição de uma produtora de petróleo. A estratégia de crescer de maneira não orgânica, por meio de aquisições, reduz muito a curva de retomada de crescimento dessa atividade na companhia. Então, a expectativa é de que concluída ao menos um M&A nesse setor, a empresa termine o ano operando no lugar da empresa alvo. A Petroil foi a primeira empresa que assinou conosco, mas não vai ser a única. Estamos montando um pipeline de oportunidades de consolidação nesse setor de exploração de campos maduros no Brasil e a gente tem a expectativa de que, nos próximos meses, algumas dessas operações terminem sendo concluídas. Para petróleo especificamente, uma vez assinado o memorando de entendimentos, a gente iniciou agora a fase de due diligence, que deve ser encerrada pelo menos em 60 dias.

Inv.com – Qual é a relação dessa expectativa com realização de aumento de capital aprovada em Conselho?

GF: O último aumento de capital ligado a reestruturação aconteceu por meio da conversão dos bônus de subscrição pelo controlador no mês de julho ou agosto. Esse aumento de capital que a gente está promovendo agora é o primeiro aumento de capital focado na ampliação das atividades operacionais do grupo por meio da retomada da iniciativa de exploração de petróleo na nova subsidiária, a Azevedo Petróleo.

Inv.com – Qual é a posição da empresa sobre as especulações de que a ela pode entrar em falência e que trabalhos estão sendo feitos para reverter essa imagem?

GF: Eu acredito que essa especulação ocorre, primeiro, porque existe naturalmente um grupo de investidores no mercado que atuam vendidos, gostam de criar esse tipo de especulação exatamente para se posicionar vendidos em relação a qualquer companhia, não necessariamente a Azevedo & Travassos.

Além disso, quando se olha os números frios da Azevedo, ainda tem nos últimos três anos balanços que não condizem com a companhia hoje. Como ela parou as atividades em 2019, o balanço de 2020, que ainda é analisado pelos analistas de mercado, é um balanço que faturou R$27 milhões. Esses indicadores da companhia podem induzir uma interpretação equivocada de que ela estaria em reestruturação ainda. E é ao contrário disso. A prova de que isso não é verdade é exatamente o crescimento recorrente e consistente que a companhia vem apresentando todo o trimestre.

Estamos fazendo um trabalho muito intenso para trazer ao mercado o conhecimento da situação efetiva da companhia e dos planos a partir de agora. A empresa está no meio de um aumento de capital. O controlador fez uma conversão de bônus de subscrição no mês retrasado, pagando ágio acima do preço de mercado do papel e o controlador está promovendo agora um aumento de capital de R$215 milhões, assumindo já publicamente o interesse em integralizar todas as sobras se existirem.

Isso é a maior demonstração de confiança, na solidez e na consistência do plano de atuação daqui para a frente. Agora, nem vamos mais falar mais de reestruturação, porque é um plano de crescimento.

Inv.com – Alguma mudança de política ou mensagem que gostaria de deixar para o investidor?

GF: Acredito que a minha a maior principal mensagem é que administração tem feito um trabalho muito firme e consistente na companhia. Eu, como presidente do Conselho de Administração, confio muito na administração da companhia, confio muito no plano que foi desenhado, que está sendo executado de maneira muito eficiente.

Ainda, acredito que o ingresso do negócio do petróleo, com receita oriunda da exploração de petróleo, vai trazer muito mais estabilidade para o grupo como um todo.

A Azevedo & Travassos teve seu IPO vinculado diretamente à exploração de petróleo e eu acredito que, nesse retorno dela ao mercado de exploração de óleo e gás, a empresa vai voltar do momento muito mais propício. A empresa pagou na década de 80 o preço de ter sido precursora desse mercado, na época foi ela que começou a explorar petróleo. Só existiam dois exploradores de petróleo no Brasil na época, a Petrobras e a e a Azevedo, que era uma formiga comparada com um elefante. Hoje em dia não, o mercado de exploradores de petróleo é muito maior, mais maduro e estável. Acredito que isso vai trazer pra o investidor da Azevedo e para a própria companhia a mesma estabilidade e um conforto muito maior para seguir em frente.

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