Por Clara Denina, Sergio Goncalves e Tatiana Bautzer
LONDRES/SÃO PAULO, 13 Mar (Reuters) - A elétrica portuguesa EDP (SA:ENBR3) Energias de Portugal pode propor uma joint venture com a China Three Gorges para permitir à chinesa expandir sua presença no Brasil e na América Latina, caso a oferta da gigante oriental pela aquisição da EDP fracasse, disseram fontes próximas do assunto.
A CTG, maior acionista da EDP, com uma fatia de 23 por cento, está entre as estatais chinesas que aumentaram investimentos nos últimos anos em países europeus como Portugal, Grécia e Chipre, mas um maior rigor de reguladores da União Europeia levantou dúvidas sobre se isso pode continuar.
A elétrica chinesa apresentou uma oferta pública de aquisição da EDP em maio, por 9 bilhões de euros. A operação tem caminhado lentamente, e fontes dizem que a CTG ainda precisaria obter aprovações regulatórias na Europa e nos Estados Unidos.
A EDP já afirmou publicamente que considerou a oferta da CTG como muito baixa, mas a operação teria apoio do governo português.
A proposta da CTG também sofreu oposição de um fundo investidor ativista, o Elliot, que apresentou um plano alternativo em que sugere que a EDP venda ativos no Brasil, Portugal e Espanha. O Elliot tem 2,9 por cento da EDP.
Como a CTG tem interesse em expansão na América Latina, a joint venture para o continente poderia providenciar uma saída satisfatória caso a proposta de aquisição da EDP falhe, disseram duas das fontes.
A subsidiária da EDP no Brasil, EDP Energias do Brasil, tem um valor de mercado de 2,8 bilhões de dólares, enquanto a CTG tem uma operação no Brasil que não é listada em bolsa. As duas empresas já possuem uma joint venture para um projeto no Peru.
A CTG não respondeu de imediato a pedidos de comentário. A EDP Brasil não quis comentar.
"Se a CTG falhar em aumentar sua fatia (na EDP), um retorno ao 'status quo' é impossível... a CTG pode terminar tomando o controle dos negócios no Brasil e ficar com uma fatia menor na EDP", disse uma das fontes.
Em evento com investidores para atualizar sua estratégia, a EDP disse em 12 de março que planeja vender 2 bilhões de euros em ativos em Portugal e na Espanha, além de levantar 4 bilhões de euros com um programa de rotação de ativos até 2022 para financiar sua expansão em energia renovável e fortalecer seu balanço.
A EDP possui 51 por cento da EDP Brasil, que tem ativos de geração e transmissão e controla distribuidoras de energia no Espírito Santo e em São Paulo.
Fontes haviam dito anteriormente à Reuters que a EDP iniciou um processo de venda de sua termelétrica de Pecém, no Ceará.,
"A ideia é combinar os ativos da CTG no Brasil com a subsidiária da EDP listada lá", disse uma terceira fonte.
A CTG opera hidrelétricas e parques eólicos no Brasil com 8,2 gigawatts em capacidade instalada. A eventual fusão dos ativos com a EDP Brasil criaria um líder entre os agentes privados de geração no país, levando as empresas a ultrapassar a atual primeira colocada, a francesa Engie (SA:EGIE3).
Os ativos da CTG Brasil são avaliados em cerca de 5,6 bilhões de dólares, o que significa que a CTG poderia controlar cerca de dois terços de uma eventual joint venture, disse a terceira fonte, alertando que ainda não há conversas entre as partes neste estágio.