JOANESBURGO/LONDRES (Reuters) - A mineradora brasileira Vale busca vender cobalto ainda não explorado por centenas de milhões de dólares para investidores, à medida que a especulação aumenta em relação à escassez do metal necessário para fabricação de baterias, afirmaram fontes familiarizadas com o assunto.
O acordo, que permite que um investidor faça um pagamento antecipado em troca de produção futura a um preço com desconto, expandiu-se como uma forma de financiamento para empresas de metais básicos e preciosos, mas este acordo seria o primeiro para o setor de cobalto, que está em expansão.
O cobalto é um componente importante para baterias de íon-lítio recarregáveis e seu preço se beneficiou de um empurrão de governos e fabricantes de automóveis para promover veículos elétricos para reduzir as emissões de gás carbônico por carros a diesel e gasolina.
Os preços subiram em torno de 150 por cento desde o início do ano passado, para cerca de 80 mil dólares a tonelada, estimulados em parte pelo nervosismo quanto à dependência do maior produtor de cobalto, a República Democrática do Congo, país afetado por questões de ilegalidade e conflitos.
Os fabricantes de automóveis, como a Volkswagen, buscaram contratos para garantir provisões de cobalto a longo prazo para seus ambiciosos planos de veículos elétricos.
O cobalto aumenta a duração da bateria. Os analistas estimam que cada bateria usa de 8 a 12 quilos de metal, enquanto o mercado global é estimado em pouco mais de 100 mil toneladas por ano.
A Vale contratou o Banco de Montreal (BMO) do Canadá para levantar cerca de 500 milhões de dólares com investidores para o cobalto que será produzido em sua mina de níquel Voisey's Bay, no leste do Canadá, disseram quatro fontes.
"O BMO também está falando com as montadoras e fabricantes de baterias, pessoas como Samsung e Toyota", disse uma das fontes. A Samsung disse que não comenta rumores ou especulações e a Toyota não fez comentários imediatos.
O processo começou no final de dezembro, com potenciais compradores analisando a informação, disseram duas das fontes.
Um porta-voz da Vale no Canadá preferiu não comentar. O BMO não respondeu a um pedido de comentários.
Não há certeza de que o processo resultará em um acordo, disseram as fontes. As fontes ouvidas pela Reuters, durante um período de vários dias, falaram na condição de anonimato já que as conversas eram confidenciais.
(Reportagem adicional de Nicole Mordant em Vancouver e Susan Taylor em Toronto)