Por Ana Mano e Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações brasileiras de carne de frango totalizaram 401,7 mil toneladas em outubro, alta de 2% ante o total embarcado no mesmo período do ano passado, o que mantém o setor no ritmo para bater recordes de vendas externas no ano, enquanto focos de gripe aviária limitam embarques de concorrentes.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) divulgados na quarta-feira, o Brasil vendeu 4,307 milhões de toneladas de carne de frango in natura e processada entre janeiro a outubro, volume 6,1% maior que o registrado no mesmo período de 2022.
A receita foi 1,3% maior no acumulado do ano, somando 8,301 bilhões de dólares, ainda que em outubro o valor das vendas tenha caído 12%, segundo a ABPA.
"A manutenção do status sanitário da produção industrial do Brasil segue como um facilitador para a competitividade das exportações do setor", disse Ricardo Santin, presidente da ABPA, em nota à Reuters.
A ABPA pontuou ainda que o fluxo de exportação acima das 400 mil toneladas em outubro reforça as projeções para embarques recordes em 2023, superiores a 5 milhões de toneladas, tendência esta que traz expectativas positivas também para o próximo ano.
O recorde anual anterior do Brasil foi registrado em 2022, com 4,82 milhões de toneladas exportadas.
O Brasil, sede de processadores de aves como JBS (BVMF:JBSS3) e BRF (BVMF:BRFS3), nunca teve casos de gripe aviária em granjas comerciais. O problema sanitário atingiu países como os Estados Unidos e França.
Embora focos de gripe aviária tenham apenas sido detectados em aves domésticas ou selvagens no Brasil --o que não afeta o status sanitário de um país --, o Japão chegou a suspender unilateralmente as importações de dois Estados brasileiros por um tempo.
Na terça-feira, o governo brasileiro estendeu uma emergência sanitária em 180 dias para proteger as empresas da ameaça de infecção em granjas comerciais.
Entre os principais destinos das exportações de carne de frango em 2023, a ABPA destacou a China, com 592,6 mil toneladas (+31% na comparação anual), Arábia Saudita, com 305 mil toneladas (+5%), África do Sul, com 286 mil toneladas (+25%), Coreia do Sul, com 166,5 mil toneladas (+9%) e México, com 155,6 mil toneladas (+22%).
"Somado ao fato da China e outros mercados seguirem demandantes pelo produto brasileiro, neste ano, para além da abertura de quatro novos mercados e da ampliação do número de estabelecimentos habilitados para alguns países para carne de aves, tivemos também recentemente o retorno do pré-listing para o Reino Unido e a formalização do mesmo mecanismo para países como Chile e Cuba", disse o diretor de mercados da ABPA, Luis Rua.
Segundo ele, "isso deverá refletir nos embarques futuros".
Separadamente, a ABPA informou que as exportações brasileiras de carne suína já acumulam alta de 9,6% em 2023 até outubro, para 1,013 milhão de toneladas. Em receita, a alta acumulada chega a 13,1%, com 2,361 bilhões de dólares nos dez primeiros meses do ano.
(Por Roberto Samora e Ana Mano)