Sem China, exportação de frango do Brasil recuará em 2025 após gripe aviária, diz ABPA

Publicado 20.08.2025, 10:16
Atualizado 20.08.2025, 15:55
© Reuters. Franco congelado em supermercado de São Paulon20/05/2025 REUTERS/Jorge Silva

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de carne de frango do Brasil em 2025 foi estimada nesta quarta-feira em até 5,2 milhões de toneladas, o que seria uma queda de 2% na comparação com o volume recorde registrado no ano passado, de 5,295 milhões de toneladas, à medida que a China e a União Europeia ainda não retomaram compras do país após um caso de gripe aviária, afirmou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

O total exportado neste ano deverá ficar abaixo da projeção de 5,35 milhões de toneladas divulgada antes de um foco de gripe aviária em granja comercial, registrado em maio, que resultou em uma série de embargos de importadores, apontou a associação que reúne empresas como BRF (BVMF:BRFS3) e JBS (BVMF:JBSS3).

A maior parte dos importadores já retomou as compras do Brasil, maior exportador global de carne de frango, após o caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul ter sido solucionado, mas China, a União Europeia e o Chile são três dos dez destinos que ainda mantêm suspensas as compras.

O país ainda não tem sinalização da reabertura da China e da União Europeia, mas o Chile está próximo de voltar a comprar o produto brasileiro, com possibilidade de um anúncio nesta semana, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin, durante coletiva de imprensa para apresentar os números.

Ele afirmou ainda que, na hipótese de China e União Europeia voltarem a comprar a carne do Brasil, os embarques nacionais poderiam até voltar a fechar o ano no positivo, mas esses são fatores que independem da vontade da indústria brasileira.

"Até 2% de queda vai depender da resposta chinesa", afirmou Santin, lembrando que a China, maior comprador de carne de frango brasileira no ano passado, importava entre 40 mil e 50 mil toneladas por mês.

"Muito desse volume está sendo direcionado para outros mercados, mas se a China voltar em agosto, setembro, tem o retorno de 50 mil por mês, de 150, 200 mil toneladas mais que garantidas (até o final do ano)", observou

"Mesma coisa a Europa", disse ele, "vinha de 20 a 23 mil toneladas (ao mês)".

"Esses são os vieses, se tivesse China e Europa hoje, falaríamos de resultado positivo (no ano)", afirmou, em referência ao volume embarcado.

Em termos de receita, o presidente da ABPA acredita que poderá haver estabilidade em 2025 ante 2024 mesmo sem contar com exportações para os principais destinos. De janeiro a julho, o faturamento acumulado é de US$5,609 bilhões, resultado 1,5% maior em relação ao ano passado.

Em 2024, a receita com as exportações de carne de frango do Brasil somou quase US$10 bilhões de dólares.

"É possível que na receita cheguemos a ficar estável, sem a (eventual) retomada (da China). Se retomar, com certeza será maior. A retomada do Chile e da Europa já acenaria para ter uma receita cambial positiva, independentemente da China".

MAIOR FATIA

O Brasil saiu mais "resiliente" do problema sanitário, mesmo que a "pequena" queda na exportação do ano venha a se confirmar, após uma situação que tem desafiado produtores de frango em todo o mundo.

Apesar da previsão de recuo ante o recorde no ano passado, a exportação de carne de frango do Brasil atingiu patamares "muito positivos", destacou Santin, dizendo que o Brasil conseguiu controlar rapidamente o problema da gripe aviária, diferentemente de outros concorrentes, como os Estados Unidos.

O Brasil, que tem 38,6% de participação nas exportações globais, tem ganhado fatia de mercado, enquanto alguns países lidam com crises de gripe aviária. Mas Santin defendeu que os importadores deixem de colocar proibições em função da doença, já que a carne de frango não transmite o vírus que geralmente é fatal para as aves.

Para 2026, a ABPA projeta retomada do crescimento das exportações, estimadas em até 5,5 milhões de toneladas.

PRODUÇÃO

Já a produção de carne de frango do Brasil em 2025 foi estimada em recorde de até 15,4 milhões de toneladas, versus 14,972 milhões em 2024, em meio a um aumento no consumo per capita no país, segundo a ABPA.

O consumo per capita deverá passar de 45,5 kg em 2024 para até 47,8 kg em 2025, com uma estabilidade esperada para 2026, quando a produção brasileira deverá somar 15,7 milhões de toneladas.

Santin disse ainda que o panorama do setor, que inclui a carne suína, é favorável diante de custos sinalizando queda por conta da boa oferta global de milho, principal insumo da ração.

A exportação de carne suína do Brasil em 2025 foi estimada nesta quarta-feira em até 1,45 milhão de toneladas, ante 1,353 milhão em 2024, segundo números da ABPA.

"A suinocultura do Brasil deverá registrar novos patamares de produção, consumo e exportações em 2025, todos em níveis recorde", disse Santin, citando o impulso de mercados como Filipinas, México, Cingapura e nações da América do Sul.

Já a produção de carne suína do Brasil em 2025 foi estimada em até 5,42 milhões de toneladas, ante 5,3 milhões em 2024, afirmou a ABPA.

(Por Roberto Samora)

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