O bom humor moderado no exterior estimula alta do Ibovespa, após cinco pregões seguidos de fechamento em queda. Ainda assim, a elevação discreta e instável tende a ser insuficiente para livrar o índice Bovespa de um recuo semanal, em dia de agenda fraca por aqui no Brasil.
Os investidores mantêm desconforto em relação à continuidade das pressões do governo para que o Banco Central (BC) corte do juro básico do Brasil e quanto às incertezas na Petrobras (BVMF:PETR4), diante de eventuais mudanças na política de dividendos e de preços da estatal.
"Aqui segue o mesmo cenário doloroso da semana toda, com os investidores esperando algum sinal do governo arcabouço fiscal e o quadro cheio de embates. O governo segue batendo na Petrobras e no Banco Central", avalia Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez novas críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, na quinta-feira à noite em entrevista Rádio BandNews FM, após a queda do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre.
Ao exigir uma explicação do nível da Selic, a 13,75% ao ano, disse que logo pode haver uma crise de crédito no País. Ainda foi duro ao se referir a Campos Neto como um "cidadão, que não foi eleito para nada" e que "acha que tem o poder de decidir as coisas" e ajudar o País.
Sobre a Petrobras, a política de preços da companhia vai mudar a partir de maio, quando os novos conselheiros da estatal tomam posse, afirmou ontem o presidente da empresa, Jean Paul Prates. O executivo deixou claro que não haverá intervenção do governo nos preços, mas que a política de paridade de importação (PPI) está com seus dias contados.
As ações da estatal cederam perto de 3,00% na quinta-feira. Às 11h16 desta sexta, cediam 0,32% (PN) e 0,21% (ON), após tentativa de alta mais cedo.
"As pressões políticas contra o Banco Central continuam, as perspectivas da Petrobras não são positivas e a economia segue em desaceleração", cita em nota a MCM Consultores.
Ontem, o Ibovespa encerrou a sessão com recuo de 1,01% (103.325,61 pontos), acumulando desvalorização semanal de 2,34%. Perto de 11h20, esse recuo era de 1,88%.
Nesta sexta, as bolsas asiáticas fecharam com ganhos, movimento seguido pela Europa e pelos índices futuros de ações norte-americanos, ainda que nos EUA o ritmo seja menor. O movimento é atribuído à sinalização feita ontem por Raphael Bostic, do Fed, de uma possível pausa no aperto monetário nos Estados Unidos.
Ainda, há notícias do outro lado do globo que são bem vistas pelos mercados. Na Europa, os PMIs informados hoje vieram todos acima do nível de 50, indicando expansão da atividade. Na China, o PMI de serviços avançou para 55 em fevereiro, sugerindo expansão mais vigorosa no setor, e o presidente do Banco do Povo chinês indicou que pode cortar a taxa de compulsório para estimular a economia. O minério de ferro fechou em alta de 1,04% em Dalian, a US$ 133,16, enquanto os contratos futuros de petróleo caem mais de 1,50%.
"O que segura são os dados chineses favoráveis, após a reabertura depois das políticas contra a covid-19 e divulgados esta semana. É a China emitindo sinais positivos, que é sempre bom para emergentes", diz Moura, da Finacap. As ações da Vale (BVMF:VALE3) subiam 0,81%, puxando o setor.
Em meio à agenda esvaziada de indicadores no Brasil, agora, os mercados esperam novas falas de dirigentes do Fed e a divulgação do PMI composto e do ISM de serviços dos Estados Unidos para ver se os sinais do dirigente serão corroborados.
"Os investidores seguem atentos às sinalizações do Fed e do Banco Central Europeu (BCE) em relação aos próximos passos da condução da política monetária", menciona em relatório o Bradesco (BVMF:BBDC4).
Às 11h21, o Ibovespa subia 0,40%, aos 103.738,73 pontos, após avançar 0,71%, na máxima aos 104.063,48 pontos. Na abertura, tinha 103.325,61 pontos e registrou mínima aos 103.322,71 pontos.