Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmou nesta quinta-feira que a empresa chinesa Huawei, fabricantes de equipamentos para redes 5G, não teria interesse em participar da formação da rede privada de comunicações do governo, e que o fornecimento de equipamentos deverá ficar com Nokia e Ericsson, que já teriam expertise nessa área.
Em uma entrevista a correspondentes estrangeiros, Faria afirmou que a separação da rede privada do governo da rede geral de 5G "resolveu" o problema do riscos de espionagem visto por alguns setores do governo.
O governo brasileiro era pressionado pelos Estados Unidos para evitar a entrada dos chineses na rede, mas as teles brasileiras, pelo outro lado, pressionavam para que se evitasse a barreira porque a Huawei é hoje a maior e mais barata fornecedora de equipamentos.
Segundo Faria, o edital traz limitações às quais a chinesa teria que se adaptar para participar da rede privada, e citou o fato de um dos diretores da empresa ser fundador do Partido Comunista Chinês.
"Mas as informações que temos é que a Huawei não teria interesse em participar da rede privativa. De qualquer forma, Nokia e Ericsson são as mais especializadas em redes privativas. Creio que isso resolveu nosso problema, e o resto ficará para o livre mercado", afirmou, acrescentando que a etapa de compra de equipamentos é posterior e cabe às empresas que venceram o leilão.
Faria reafirmou que o leilão deve ser marcado para, no máximo, a segunda quinzena de outubro e que, logo depois de realizado, as empresas devem começar os investimentos.
A previsão do ministro é que até o final deste ano algumas capitais, mais populosas, já tenham rede de 5G standalone. Todas as 27 devem ter as redes até julho de 2022, de acordo com o edital.
Na quarta-feira, o Tribunal de Contas da União analisou o edital preparado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Apesar de a área técnica ter questionado alguns pontos, em especial a rede privada, o parecer do relator Raimundo Carrero aprovou praticamente na íntegra o edital - apenas foram acrescentadas algumas sugestões para garantir o cumprimento de alguns compromissos, como a conexão de fibra ótica na Amazônia.
Carrero foi acompanhado por seis outros ministros. Apenas Raimundo Cedraz pediu vistas, o que impediu o encerramento da votação. Mas, apesar de o ministro ter pedido dois meses para a análise, os demais votaram por conceder apenas uma semana, e o tema deve ser concluído na próxima semana.
Faria reforçou ainda que o governo espera que o leilão arrecade 37 bilhões de reais em investimentos pelas empresas e outros 8,7 bilhões de reais de outorga.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)