Lisboa, 12 set (EFE).- O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta quarta-feira que a União Europeia (UE) é "uma proeza histórica" por conseguir unir países historicamente inimigos e descartou o fim da organização e do euro.
FHC, aos 81 anos, fez as declarações à imprensa portuguesa na cidade de Lisboa, onde recebeu uma alta distinção da prefeitura da capital e recebeu o título de doutor honoris causa pelo Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), um dos mais importantes de Portugal.
"Não acho que a Europa vai se desintegrar. Nem que o euro perderá sua importância. Não é possível. Por mais que as pessoas não tenham uma visão em longo prazo, acabam tendo certa responsabilidade perante o mundo", opinou o ex-presidente.
Para Fernando Henrique, as organizações europeias e internacionais vão criar um mecanismo através do qual "assumirão a dívida que está nas mãos dos governos - antes era dos bancos, agora dos governos -" com o objetivo de "consolidá-la" e dar tempo para que cada país ajuste suas finanças.
FHC criticou os prazos curtos exigidos para que os países do sul da Europa reduzam seus déficits e creditou parte da responsabilidade pela atual crise ao incentivo ao consumo baseado em créditos bancários.
"A culpa não é a irresponsabilidade dos gregos, a irresponsabilidade dos portugueses", afirmou.
"O corte nos gastos sociais é inadmissível", disse Fernando Henrique, que lembrou que durante o seu governo foram abertos "espaços de esperança", pois os salários melhoraram, embora a economia do Brasil atravessasse uma fase de rigidez fiscal.
Apesar das dificuldades na UE, o sociólogo defendeu o projeto europeu e lembrou os benefícios gerados pela organização.
"A União Europeia foi a construção política mais sofisticada da humanidade por se tratar da união de países que se odiavam - França e Alemanha, por exemplo - em uma mesma comunidade política. Isso é uma proeza histórica extraordinária", disse.
FHC recebeu hoje das mãos do prefeito de Lisboa, António Costa, a Medalha de Mérito Municipal, Grau Ouro, em reconhecimento por seu papel político e intelectual.
O ex-governante também participou da conferência "Portugal-Brasil - Um Olhar Atual" juntamente com o ex-presidente português Mário Soares. EFE
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