Por Giulio Piovaccari e Sudip Kar-Gupta
MILÃO/PARIS (Reuters) - Fiat Chrysler e a controladora da montadora francesa Peugeot, PSA, confirmaram nesta quarta-feira negociações sobre uma potencial aliança que pode criar um grupo automotivo de 50 bilhões de dólares e uma fonte afirmou à Reuters que um acordo pode ser anunciado na quinta-feira.
Os dois grupos afirmaram em comunicados separados que estão em discussões direcionadas a criar uma das maiores montadoras de veículos do mundo, melhor posicionada para lidar com custos de desenvolvimento de tecnologias como direção autônoma e eletrificação e regulamentos mais estritos sobre emissões de poluentes.
Um acordo pode ser anunciado já na quinta-feira, afirmou uma fonte a par do assunto. Representante da Fiat Chrysler não comentou o assunto.
Depois de desistir de uma fusão com a Renault em junho, o presidente do conselho de administração da Fiat Chrysler, John Elkann, confirmou a tentativa do grupo ítalo-americano de buscar uma aliança alternativa.
As ações da Fiat Chrysler listadas em Milão dispararam mais de 10 por cento nesta quarta-feira, após subirem mais de 7 por cento na terça-feira em Nova York. As ações da Peugeot subiram mais de 6 por cento e atingiram ponto mais alto em mais de 11 anos.
O analista Richard Hilgert, da Morningstar, afirmou em relatório que os volumes de vendas da Fiat Chrysler e da Peugeot, incluindo parcerias na China, somam 8,7 milhões de veículos. Esse volume deixa o grupo combinado na quarta posição entre as maiores montadoras do mundo, atrás de Volkswagen, Toyota e da aliança Renault/Nissan, cada um com vendas de mais de 10 milhões de veículos.
"Vemos a combinação destas duas companhias como razoável dada a competição global, alto nível de investimento e avanços como eletrificação e tecnologias de direção autônoma", disse Hilgert.
O governo francês está acompanhando de perto as negociações. Paris tem uma participação de 12 por cento na PSA por meio do banco BPI.
O ministro da Indústria da Itália, Stefano Patuanelli, disse nesta quarta-feira que Roma, que não tem participação na Fiat Chrysler, está acompanhando as discussões entre os dois grupos, mas evitou comentar o que chamou de "operação de mercado".
A Fiat Chrysler, controlada pela Exor, holding da família italiana Agnelli, discutiu mais cedo neste ano uma combinação com a Peugeot, antes de fazer uma oferta de 35 bilhões de dólares para fusão com a Renault.
Na época, a Fiat Chrysler afirmou que um acordo com a Renault seria mais vantajoso que uma combinação com a Peugeot, mas a família Agnelli rompeu as negociações depois que o governo francês interveio e pressionou a Renault a primeiro resolver suas brigas com a parceira japonesa Nissan.
Além dos 12 por cento da PSA nas mãos do governo francês, a família Peugeot e o governo da China possuem participações similares na holding.
O conselho de administração da PSA deve se reunir nesta quarta-feira para discutir o potencial acordo, disseram duas fontes próximas do assunto.
(Por Giulio Piovaccari, em Milão, Sudip Kar-Gupta, em Gdansk, e Gwenaelle Barzic, em Paris)