Por Gilles Guillaume e Giulio Piovaccari
PARIS/MILÃO (Reuters) - A Fiat Chrysler e a proprietária da Peugeot, a PSA, chegaram a um acordo vinculante sobre uma fusão avaliada em cerca de 50 bilhões de dólares e que deverá remodelar a indústria automotiva global.
A PSA, da França, e a Fiat-Chrysler (FCA), ítalo-americana, que ainda não decidiram o nome de sua nova empresa, agora vão começar a cumprir a promessa de reduzir custos do grupo combinado em 3,7 bilhões de euros por ano sem fechar fábricas.
Isso será ainda mais difícil com políticos e sindicatos fortes da França e da Itália preocupados com a perda de empregos em uma companhia que será o quarto maior grupo automotivo do mundo e que emprega atualmente cerca de 400 mil pessoas.
"O grupo resultante da fusão terá que fazer grandes economias e provavelmente também fechar fábricas, mesmo que a escolha das palavras dos presidentes-executivos seja diferente", disse Frank Schwope, analista de automóveis do NordLB, após o anúncio do acordo nesta quarta-feira.
No Brasil, o grupo combinado deve ultrapassar General Motors (NYSE:GM) e Volkswagen em vendas de veículos. No acumulado de janeiro a setembro, FCA e PSA registram 395,5 mil licenciamentos ante 345,75 mil da GM e 304,6 mil do grupo Volkswagen, segundo dados da Fenabrave.
No país, maior mercado da Fiat fora da Itália, a FCA possui duas fábricas de veículos - Betim (MG) e Goiana (PE) - com capacidade total para cerca de 1 milhão de carros por ano, além de duas fábricas de motores capazes de produzir 1,4 milhão de propulsores a cada ano. Já a PSA tem um polo automotivo em Porto Real (RJ), incluindo fábricas de veículos e motores.
O grupo terá as marcas Fiat, Jeep, Dodge, Ram, Chrysler, Alfa Romeo, Maserati, Peugeot, Citroen, DS, Opel e Vauxhall, incluindo carros populares, de luxo, utilitários esportivos e veículos comerciais.
O anúncio ocorreu cerca de cinco meses depois que a FCA desistiu de negociações para uma fusão com a Renault.
"Neste momento nada está decidido. Estamos avaliando quais são as oportunidades", disse a jornalistas o presidente-executivo da PSA, Carlos Tavares, que vai comandar a companhia combinada como presidente-executivo.
PSA e FCA afirmaram que esperam que a fusão seja concluída nos próximos 12 a 15 meses. A FCA deverá se reunir com representantes de trabalhadores para discutir a operação na sexta-feira.