SÃO PAULO (Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch colocou em observação com implicações negativas nesta quinta-feira o rating do BTG Pactual (SA:BBTG11), após a prisão do presidente e fundador do banco, André Esteves, na véspera.
A decisão da Fitch ocorre após a Moody's ter colocado a nota em escala global do BTG Pactual, atualmente em "Baa3", em revisão para um rebaixamento.
Segundo o diretor da Fitch Eduardo Ribas, uma ação sobre o rating do BTG Pactual pode vir antes do prazo normal de até seis meses em casos assim, dependendo da evolução das condições de liquidez e de captação de recursos no mercado.
Atualmente, o rating de longo prazo em moeda estrangeira da Fitch para o BTG Pactual é "BBB-", com perspectiva negativa, em linha com a nota soberana do país.
Em relatório, a Fitch alertou que o rating pode ser rebaixado se houver comprometimento do perfil de financiamento, liquidez ou volume de ativos sob gestão do BTG Pactual, causando redução considerável dos lucros ou da capacidade de gerar forte fluxo de negócios no curto e médio prazos.
"Um aumento significativo dos custos de financiamento que dificulte a rentabilidade também pode causar um rebaixamento", afirmou a agência.
De acordo com Ribas, as primeiras medidas do BTG Pactual para enfrentar o atual cenário são positivas, mas podem não ser suficientes.
Nesse sentido, disse ele, a reação de clientes e investidores à nomeação de Persio Arida como presidente interino do banco pode ajudar a medir a percepção geral da capacidade do BTG Pactual funcionar bem sem a presença de Esteves.
Já o anúncio de um programa de recompra de ações de até 10 por cento dos papéis, também na quarta-feira, pode dar algum fôlego ao banco, mas tem impacto limitado, disse o diretor da Fitch. Apenas 19,5 por cento das ações do BTG Pactual estão em circulação no mercado, segundo dados da BM&FBovespa (SA:BVMF3).
Esteves e o líder do governo no Senado, senador Delcídio do Amaral (PT-MS), foram presos na manhã de quarta-feira por suspeita de obstruírem a operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção que envolve a Petrobras (SA:PETR4).
(Por Aluísio Alves)