Investing.com - A Fitch reafirmou nesta sexta-feira a nota de crédito do Brasil em BB, grau especulativo de baixo risco, com perspectiva negativa. A agência de rating justificou a decisão ao citar o déficit público estrutural, alto endividamento, baixo crescimento e a crise política que abala o país.
A perspectiva negativa para a nota é baseada nas incertezas em relação à recuperação da economia brasileira, que enfrentou dois anos seguidos de forte recessão, além da falta de segurança em medidas para resolver o déficit público, que supera os 8% do PIB.
Segundo a Fitch, o presidente Michel Temer parece não ter capital político ou apoio do Congresso para garantir a aprovação da reforma da Previdência, após ser acusado de corrupção pela Procuradoria-Geral da República na sequência da delação dos executivos da J&F em maio. Temer conseguiu barrar as investigações em duas votações na Câmara dos Deputados.
Completam o cenário de incertezas, as eleições de 2018 dado ao fragmentado espectro político do Brasil, que poderá levar ao governo candidatos que não estão comprometidos em sanar o déficit público e passar as reformas.
Na última semana, pesquisas eleitorais mostraram que, no momento, o favoritismo à sucessão de Temer são o ex-presidente Lula, vitorioso em todos os cenários, e o Jair Bolsonaro. Correm por fora o governador de SP, Geraldo Alckmin; o prefeito de SP, João Doria; a ex-candidata Maria Silva, assim como nomes outsiders como o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, e o apresentador Luciano Huck.
A Fitch cita os avanços em indicadores macroeconômicos, como a queda da inflação, que em 12 meses está em 2,7%, e a redução da Selic. A agência prevê o fim do ciclo de queda nos juros em dezembro, cenário mais pessimista do que o mercado, que aposta em mais cortes no início de 2018.
Entre os principais riscos de downgrade, a agência aponta o fim do avanço das reformas, incapacidade de limitar o aumento do déficit público e redução das reservas internacionais.