A Ford (NYSE:F) (SA:FDMO34) e o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA) fecharam acordo para a indenização dos 4 mil trabalhadores da montadora e cerca de mil das empresas de autopeças que operam no complexo. A planta será fechada nas próximas semanas. Em assembleia de funcionários realizada na quarta-feira, 12, a aprovação foi unânime. A proposta é similar à negociada com empregados da unidade de Taubaté (SP) há pouco mais de um mês.
Além dos direitos garantidos na rescisão de contratos, o pessoal da área de produção vai receber dois salários extras por ano trabalhado, sendo que o mínimo a ser recebido é de R$ 130 mil, mesmo que a conta seja inferior a esse valor. Também será pago um montante fixo adicional conforme a faixa salarial. Os mensalistas vão receber um salário a mais por ano de serviço.
Em nota, a Ford informa que também faz parte do acordo a concessão de seis meses de plano médico para o funcionários e familiares e uma remuneração adicional aos empregados com restrição médica ocupacional. "Além dos itens previstos no acordo, a Ford já está oferecendo um programa de qualificação dos trabalhadores e também irá oferecer um suporte para recolocação por meio da contratação de uma empresa especializada", diz a nota.
A fábrica da Bahia segue em operações parciais, produzindo peças para o mercado de reposição. A empresa já iniciou negociações para a venda do complexo de Camaçari - onde também operavam 16 fornecedores de peças -, e das instalações da unidade de Taubaté.
Saída
Em janeiro, a multinacional americana anunciou que deixaria de produzir veículos no Brasil, e passaria a vender apenas modelos importados da marca. Com isso, informou o fechamento da fábrica da Bahia, onde eram produzidos os modelos Ka e EcoSport, e a do interior de São Paulo, que empregava 750 pessoas e fazia motores.
A filial que produz os jipes Troller, em Horizonte (CE), terá as atividades encerradas no fim do ano. A montadora já tinha fechado, em 2019, a planta de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e a área foi vendida à Construtora São José, em parceria com a Áurea Asset Management, por R$ 550 milhões. O grupo já começou as obras para transformar o local em um grande centro logístico.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Julio Bonfim, para chegar à proposta construída conjuntamente ocorreram 33 rodadas de negociação entre as partes, após mediação do Tribunal Regional do Trabalho. Segundo ele, incluindo as autopeças que atuam no complexo, o acordo vai beneficiar quase 5 mil trabalhadores: "Diante do fechamento da fábrica não nos restou outra opção a não ser lutar pelos direitos da categoria."
A Ford negocia ainda indenizações com a rede de concessionárias. Estima-se que metade das 283 lojas fechem as portas ou negociem representação com outras marcas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.