Por Pascal Rossignol
BOLONHA DO (Reuters) - A França apreendeu neste sábado um cargueiro com carros no Canal da Mancha que Washington diz estar ligado ao filho de um ex-chefe de espionagem russo, em uma das primeiras demonstrações visíveis do Ocidente aplicando sanções a Moscou após a invasão da Ucrânia.
O "Líder do Báltico" estava indo para São Petersburgo, mas foi desviado para o porto de Bolonha do Mar, no norte da França, na madrugada deste sábado, disse à Reuters a capitã Veronique Magnin, da marinha francesa.
A embarcação era "fortemente suspeita de estar ligada a interesses russos visados pelas sanções", disse ela.
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos emitiu sanções de bloqueio contra o navio porque, segundo o Tesouro, era de propriedade de uma subsidiária do banco russo Promsvyazbank, uma das entidades russas atingidas pelas sanções dos EUA e da União Europeia.
O presidente-executivo do banco, Pyotr Fradkov, é filho de Mikhail Fradkov, ex-chefe do serviço de inteligência estrangeira da Rússia, que também atuou como primeiro-ministro do presidente russo, Vladimir Putin. O próprio Pyotr Fradkov foi incluído na última rodada de sanções dos EUA.
O Promsvyazbank, em um comentário enviado à Reuters, disse que sua subsidiária não possui mais o Baltic Leader e que o navio foi vendido a uma entidade diferente antes das sanções serem impostas.
O Ministério da Economia francês, em comunicado, disse que o proprietário do navio é uma subsidiária do Promsvyazbank, a PZB Lizing, e que o navio foi interceptado em cumprimento das sanções da UE.
Magnin, a porta-voz da marinha em Bolonha do Mar, disse que as verificações em andamento estão sendo realizadas por funcionários da alfândega e que a tripulação do navio está "sendo cooperativa".
A embaixada russa em Paris enviará uma nota de protesto ao Ministério das Relações Exteriores da França pela apreensão, disse a embaixada em comunicado enviado à Reuters.
A embaixada também disse que a tripulação do navio foi autorizada a desembarcar e circular livremente pelo porto. Um fotógrafo da Reuters em Bolonha do Mar disse que o navio estava atracado no cais.