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Funcionários da Boeing ridicularizam 737 MAX e reguladores em mensagens internas

Publicado 10.01.2020, 09:09
Atualizado 10.01.2020, 09:13
Funcionários da Boeing ridicularizam 737 MAX e reguladores em mensagens internas
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Por David Shepardson

WASHINGTON (Reuters) - A Boeing (NYSE:BA) divulgou centenas de mensagens internas que continham comentários bastante críticos sobre o desenvolvimento do 737 MAX, incluindo um que dizia que o avião foi "projetado por palhaços que, por sua vez, são supervisionados por macacos".

As mensagens, divulgadas nesta quinta-feira, mostram tentativas de evitar o escrutínio regulatório com funcionários menosprezando o avião, a empresa, a Administração Federal de Aviação norte-americana (FAA, na sigla em inglês) e reguladores estrangeiros de aviação.

Em uma troca de mensagens instantâneas em 8 de fevereiro de 2018, quando o avião estava no ar e oito meses antes do primeiro de dois acidentes fatais, um funcionário pergunta a outro: "Você colocaria sua família em uma aeronave treinada no simulador MAX? Eu não". O segundo funcionário responde: "Não".

O 737 MAX está suspenso desde março, depois de um voo da Ethiopian Airlines ter caído, apenas cinco meses após um acidente semelhante com a Lion Air. Os dois desastres mataram 346 pessoas.

Em particular, algumas das comunicações revelam esforços da Boeing para evitar a necessidade de treinamento em simulador de pilotos - um processo caro e demorado - para o 737 MAX.

A fabricante de aviões mudou apenas esta semana, dizendo que recomendaria aos pilotos o treinamento em simulador antes de retomar o voo do 737 MAX - uma grande mudança de sua posição de que o treinamento em computador era suficiente, pois o avião era semelhante ao seu antecessor, o 737 NG.

O divulgação das mensagens, que destacam uma cultura agressiva de corte de custos e desrespeito à FAA, deve aprofundar a crise na Boeing, que está lutando para recuperar seu avião mais vendido e restaurar a confiança do público.

A FAA disse, no entanto, que as mensagens não suscitam novas preocupações de segurança, embora "o tom e o conteúdo de parte da linguagem nos documentos sejam decepcionantes".

A Boeing disse que as trocas de mensagens "não refletem a empresa que somos e precisamos ser, e são completamente inaceitáveis".

PORTÕES DO PARAÍSO FECHADOS

A divulgação, que a Boeing disse que era em prol da transparência com a FAA, provocou uma nova indignação por parte de parlamentares dos EUA e pressiona mais o novo presidente-executivo da fabricante de aviões, David Calhoun, a reformular a cultura da empresa quando assumir o comando na segunda-feira.

O presidente do Comitê de Transporte da Câmara dos Deputados, Peter DeFazio, que está investigando o MAX, disse que as mensagens "mostram uma imagem profundamente perturbadora das distâncias que a Boeing aparentemente estava disposta a percorrer para evitar o escrutínio dos reguladores, das tripulações de voo e do público, com seus próprios funcionários disparando alarmes internamente."

O senador Roger Wicker, que preside o Comitê de Comércio que lidera a investigação do Senado na Boeing, também disse que os documentos mais recentes "levantam questões sobre a eficácia da supervisão do processo de certificação pela FAA".

O Departamento de Justiça dos EUA tem uma investigação criminal ativa em andamento sobre questões relacionadas ao avião 737 MAX.

Algumas das mensagens apontaram problemas nos simuladores. A Boeing disse na quinta-feira que está confiante de que "todos os simuladores MAX da Boeing estão funcionando efetivamente" após testes repetidos desde que as mensagens foram escritas.

As mensagens, no entanto, mostram que a Boeing no passado estava fazendo todo o possível para pressionar os reguladores da aviação para evitar a necessidade das companhias aéreas de treinar pilotos em um simulador sobre as diferenças entre o 737 MAX e o 737 NG.

"Quero enfatizar a importância de manter firme que não haverá nenhum tipo de treinamento em simulador necessário para fazer a transição do NG para o MAX", disse o piloto técnico chefe da Boeing 737 em um email de março de 2017.

"A Boeing não permitirá que isso aconteça. Vamos ficar cara a cara com qualquer regulador que tentar fazer disso uma exigência."

Antes da suspensão, o treinamento de pilotos sobre as diferenças consistia em uma aula de uma hora em um iPad e pouco tempo no simulador, de acordo com o sindicato que representa os pilotos da American Airlines.

Shukor Yusof, chefe da consultoria de aviação da Malásia Endau Analytics, disse que a Boeing deve receber crédito por divulgar as mensagens com discurso bastante crítico.

"Inicialmente, o público que usa transporte aéreo terá compreensivelmente reservas, mas a aeronave - tendo sido ressuscitada completa e responsavelmente - provavelmente será um dos aviões mais seguros do mundo", afirmou.

Em outros emails e mensagens instantâneas, os funcionários falaram de sua frustração com a cultura da empresa, reclamando da busca por fornecedores mais baratos e "horários impossíveis".

"Não sei como consertar essas coisas ... é sistêmico. É cultura. É o fato de termos uma equipe de liderança sênior que entende muito pouco sobre os negócios e ainda está nos levando a determinados objetivos", disse um funcionário da empresa em um email datado de junho de 2018.

     E em uma mensagem de maio de 2018, um funcionário não identificado da Boeing disse: "Eu ainda não fui perdoado por Deus por não ter revelado o que fiz no ano passado".

     Sem referenciar o que foi encoberto, o funcionário acrescentou: "Não é possível fazê-lo mais uma vez. Os portões do paraíso serão fechados..."

(Reportagem adicional de Jamie Freed em Sydney, Tim (SA:TIMP3) Hepher em Paris, Chris Sanders em Washington e Tracy Rucinski em Chicago)

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