Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Trabalhadores da Refinaria de Mataripe, na Bahia, realizaram uma paralisação de cinco horas nesta quarta-feira, em protesto contra demissões em curso na unidade, que foi vendida pela Petrobras (BVMF:PETR4) em 2021, informou em nota a Federação Única dos Petroleiros (FUP).
O movimento começou às 6h e contou com mais de 1.200 participantes, afirmou a FUP, entidade ligada ao PT que representa 12 sindicatos de petroleiros pelo Brasil.
Segundo a FUP, até o momento foram demitidos 200 funcionários próprios e terceirizados na Refinaria de Mataripe, administrada atualmente pela Acelen, do Mubadala Capital, de Abu Dhabi. De acordo com o sindicato, 28 demissões ocorreram na terça-feira.
"Infelizmente, as demissões se intensificaram após o anúncio feito pelo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, no mês passado, sobre a possível retomada da operação da refinaria pela estatal", disse o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Em fevereiro, o presidente da Petrobras afirmou em suas redes sociais ter a expectativa de fechar detalhes de um acordo com o Mubadala para retomar o controle da operação da refinaria até o final do primeiro semestre deste ano.
A unidade, antes chamada Refinaria Landulpho Alves (Rlam), é responsável por mais de 10% da capacidade de refino do Brasil, com 300 mil barris de petróleo por dia, e foi vendida por 1,65 bilhão de dólares durante o governo de Jair Bolsonaro.
Segundo Bacelar, os desligamentos estão impactando na manutenção das unidades e na segurança das atividades. "Grande parte das pessoas demitidas foram qualificadas ao longo de 15, 20, 25 anos. Elas conhecem muito bem a refinaria", acrescentou.
Após as demissões, o efetivo da Acelen passou a reunir 1.025 petroleiros próprios e 700 petroleiros terceirizados, segundo a entidade.
Em nota, a refinaria disse que "está em constante busca por mais eficiência e competitividade para sua operação" e que "não existe demissão em massa".
"Nosso compromisso continua sendo com o abastecimento regional em condições competitivas de mercado e com o diálogo próximo às entidades sindicais", afirmou.
O impacto do protesto nas atividades da refinaria não ficou imediatamente claro.
A FUP, que organizou o protesto com o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA) e o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial (Siticcan), adicionou que representantes da área de Recursos Humanos da Acelen reuniram-se com representantes das entidades sindicais ao fim da paralisação para discutir as reivindicações dos trabalhadores.
Inaugurada em 1950, a Refinaria de Mataripe foi a primeira refinaria a ser instalada no país e é atualmente a segunda maior do Brasil.
(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)