Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O fundo de capital de risco corporativo da Vale (BVMF:VALE3), chamado Vale Ventures, investiu em uma startup sediada em Boston (EUA) que criou uma tecnologia para aquecimento de fornos industriais sem uso de combustíveis fósseis, disse o líder do fundo, Bruno Arcadier, à Reuters.
O investimento minoritário da Vale Ventures na Electrified Thermal Solutions (ETS) ocorreu como parte de uma rodada de 19 milhões de dólares da startup, juntamente com coinvestidores. A Vale, segundo Arcadier, foi a única mineradora dentre os investidores na rodada, com os demais pertencendo a setores como cimento e energia.
O executivo não revelou o desembolso feito pela Vale, mas pontuou que a tecnologia desenvolvida pela ETS tem "forte potencial" para redução de emissões de gases de efeito estufa em processos industriais em setores de difícil abatimento, como mineração e siderurgia, com baixos custos.
"As emissões relacionadas a (processos de) aquecimento (industrial em diversos setores) representam 20% das emissões globais, porque são usados combustíveis fósseis", disse Arcadier.
"O que essa startup conseguiu desenvolver foi uma tecnologia que permite, a partir de eletricidade -- gerada com energia renovável, energia limpa -- aquecer a uma temperatura de até 1.800 graus."
O executivo ressaltou que a Vale tem a necessidade de aquecimento em suas operações em atividades como pelotização, briquetagem e outros. Segundo Arcadier, a companhia precisa de aquecimentos que chegam até 1.200 graus de temperatura.
A tecnologia da ETS "ajuda para o nosso escopo 1, mas também pode ajudar para o nosso escopo 3, que é para a siderurgia", disse o executivo.
Fundada em 2020 pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a ETS planeja abrir sua primeira planta piloto de demonstração em escala comercial em 2025, cujo local não foi revelado por Arcadier.
A expectativa da Vale é que a tecnologia possa também ser testada em suas operações, em algum momento, e que já haja soluções comerciais em escala industrial até o fim desta década, segundo o executivo. Ele pondera, entretanto, que o investimento tem ainda riscos. "A gente vai trabalhar aqui para o sucesso dela", ressaltou.
Com o investimento, a Vale passa a ter uma participação societária minoritária na startup e também passa a acompanhar o processo de governança dela. A mineradora também contribuirá com o desenvolvimento da startup, disponibilizando especialistas da empresa.
Este foi o quarto investimento feito pela Vale Ventures, que em 2022 comprometeu capital de 100 milhões de dólares a ser investido no desenvolvimento de soluções disruptivas para a cadeia de valor de mineração e metais.
(Por Marta Nogueira)