SÃO PAULO (Reuters) - A Gerdau (SA:GGBR4) não fez provisões financeiras sobre eventuais perdas decorrentes da operação Zelotes, que investiga fraudes relacionadas ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e o suposto pagamento de propina para a edição de medidas provisórias.
O diretor financeiro da Gerdau, Harley Scardoelli, disse a jornalistas que a empresa nega as acusações de que teria tentado sonegar até 1,5 bilhão de reais e afirmou que a companhia agiu com respaldo na legislação.
A Gerdau tinha programado a divulgação de seu resultado de quarto trimestre para 1º de março, mas acabou adiando a publicação do balanço para esta terça-feira. Na ocasião, a empresa afirmou que precisava do tempo adicional para analisar os autos que envolveram a companhia na sexta fase da Zelotes.
No balanço divulgado nesta terça-feira, a Gerdau afirma que entende que não é possível prever o resultado da operação Zelotes e por isso avalia que "não existe informação suficiente para determinar se uma provisão para perdas é requerida ou divulgar qualquer contingência".
A companhia divulgou mais cedo prejuízo líquido de 3,17 bilhões de reais para o quarto trimestre, impactado por perdas contábeis relacionadas à queda no valor de ativos de 3,1 bilhões de reais. Em termos ajustados, a Gerdau teve prejuízo líquido de 41 milhões de reais nos últimos três meses de 2015.
As ações da Gerdau estavam entre as de maior queda nesta terça-feira, recuando mais de 13 por cento às 12h30. Analistas do Credit Suisse avaliaram que os números do balanço devem levar a revisões negativas do mercado nas previsões para os lucros da companhia.
Para enfrentar as adversidades da crise de excesso de capacidade de produção aço no mundo e da queda na demanda brasileira, a Gerdau limitou os investimentos para 2016 em 1,5 bilhão de reais, uma queda de 35 por cento em relação a 2015.
O presidente da companhia, André Gerdau Johannpeter, afirmou que a empresa segue trabalhando com perspectiva de queda na demanda brasileira por aço de 6 a 8 por cento em 2016.
O executivo comentou ainda que espera poder anunciar "alguma coisa" neste ano sobre o projeto de reavaliação de ativos do grupo, o que pode envolver eventual venda de unidades. A Gerdau encerrou 2015 operando a cerca de 65 por cento a 70 por cento de sua capacidade.
"Fizemos um forte trabalho desde 2014 (em ajustes de capacidade). Tivemos no último trimestre algumas paradas importantes pela fraca demanda e começamos o ano com demanda similar ao ano passado", disse Johannpeter.
"O que temos operando hoje atende à demanda", acrescentou, evitando comentar se novas reduções de capacidade serão necessárias neste ano diante da crises econômica e política que têm impactado fortemente o consumo de aço no país.
(Por Alberto Alerigi Jr.)