Por David Shepardson
(Reuters) - A General Motors (NYSE:GM) disse nesta quarta-feira que seus novos acordos trabalhistas após uma longa greve nos Estados Unidos custarão 9,3 bilhões de dólares, enquanto também anunciou um programa de recompra de ações da ordem de 10 bilhões de dólares, um aumento de dividendos de 33% e gastos "substancialmente menores" em sua unidade de robotáxi Cruise.
A recompra equivale, no preço de fechamento de terça-feira, a quase um quarto das ações ordinárias da GM.
Os 9,3 bilhões de dólares em custos adicionais até 2028 destinam-se a acordos com o sindicato United Auto Workers (UAW) nos EUA e com o sindicato canadense Unifor, e representam cerca de 575 dólares por veículo ao longo da vida dos acordos.
A montadora de Detroit também reduziu as expectativas de lucro para 2023 após a greve promovida pelo UAW.
A GM agora estima que o lucro líquido atribuível aos acionistas em 2023 fique em uma faixa de 9,1 bilhões a 9,7 bilhões de dólares, em comparação com a previsão anterior de 9,3 bilhões a 10,7 bilhões de dólares.
Isso inclui um impacto estimado de 1,1 bilhão de dólares no Ebit ajustado em razão da greve do UAW, que durou pouco mais de seis semanas, principalmente devido à perda de produção. O impacto total em 2023 é de 1,3 bilhão de dólares, incluindo os salários e benefícios mais elevados do acordo.
"Agora que temos um contrato ratificado e um caminho claro a seguir que inclui maiores eficiências de investimento operacional, podemos retomar o retorno de capital aos acionistas de acordo com nosso plano", disse a presidente-executivo da GM, Mary Barra, em uma teleconferência com investidores.
PREÇO DAS AÇÕES, CRUISE
Ela reconheceu que o preço das ações da GM era "decepcionante para todos", apontando que as cotações a 28 dólares estavam 15% abaixo do preço do IPO da GM em 2010.
A GM disse no início deste ano que cortaria custos fixos em 2 bilhões de dólares até o final de 2024 e, em julho, apresentou planos para mais 1 bilhão de dólares em reduções de custos. Em abril, a GM disse que cerca de 5 mil trabalhadores assalariados haviam feito acordos e deixado a empresa.
A GM disse que cortaria custos na Cruise, que suspendeu todos os testes nos EUA depois que um acidente na Califórnia no mês passado levou os reguladores daquele Estado a proibir a empresa de testar veículos sem motorista. A Cruise, que está cortando empregos, perdeu mais de 700 milhões de dólares no terceiro trimestre e mais de 8 bilhões de dólares desde 2016.
"Esperamos que o ritmo de expansão da Cruise seja mais deliberado quando as operações forem retomadas, resultando em gastos substancialmente menores em 2024 do que em 2023", disse Barra.
O diretor financeiro da GM, Paul Jacobson, disse que os gastos com a Cruise em 2024 cairão "centenas de milhões de dólares".
A Cruise está enfrentando investigações de segurança federais e não obteve aprovação dos reguladores dos EUA para usar seu carro autônomo de próxima geração, que não possui controles humanos, em vias públicas.
Barra também disse que estava "desapontada" com a produção de veículos elétricos da empresa este ano devido às dificuldades com a montagem do módulo de bateria, mas a GM espera uma produção "significativamente maior" e margens de lucro "melhoradas significativamente" nesse negócio em 2024. Jacobson disse que a GM pretendia margens antes de impostos de um dígito sobre veículos elétricos até 2025, incluindo o impacto dos benefícios da Lei de Redução da Inflação.
(Por David Shepardson em Washington, com reportagem adicional de Ben Klayman em Detroit)