Por Twinnie Siu
HONG KONG (Reuters) - A violência ilegal está colocando Hong Kong à beira de um grande perigo, disse o governo da cidade nesta segunda-feira na esteira de um final de semana de confrontos que incluiu o primeiro disparo de uma arma e a prisão de 86 pessoas, a mais jovens delas de 12 anos.
A polícia usou canhões de água e gás lacrimogêneo em batalhas recorrentes com manifestantes que atiraram tijolos e coquetéis molotov no domingo, o segundo dia dos embates do final de semana na cidade sob controle chinês.
Seis policiais sacaram as pistolas e um deles disparou um tiro de alerta para o alto, disse a polícia em um comunicado, acrescentando que 215 cilindros de gás lacrimogêneo e 74 balas de borracha foram disparados ao longo dos dois dias.
"Os atos ilegais e violentos crescentes de manifestantes radicais são não só ultrajantes, eles também colocam Hong Kong à beira de uma situação muito perigosa", disse o governo em um comunicado.
Os protestos começaram em meados de junho em repúdio a um projeto de lei hoje suspenso que teria permitido que pessoas de Hong Kong fossem extraditadas à China continental para julgamento.
Mas ao longo de 12 semanas as manifestações se tornaram um apelo mais amplo por mais democracia no polo financeiro, que recebeu a promessa de um alto grau de autonomia mediante a fórmula "um país, dois sistemas" quando foi devolvido pelo ex-governante colonial Reino Unido à China em 1997.
Mais manifestações estão planejadas para os dias e as semanas à frente, incluindo uma na sede da Cathay Pacific Airways para protestar contra o que se percebe como um "terror branco", termo usado para descrever atos anônimos que instauram um clima de medo.
A Cathay se tornou a maior vítima corporativa dos protestos depois que a China exigiu que a empresa aérea suspendesse funcionários envolvidos ou que apoiam as manifestações antigoverno que mergulharam a cidade em sua pior crise desde 1997.
No sábado, ativistas atiraram tijolos e coquetéis molotov no distrito industrial de Kwun Tong, no leste da península de Kowloon. Alguns manifestantes derrubaram postes de iluminação "inteligentes" equipados com câmeras de vigilância.
Os protestos representam o maior desafio popular ao presidente chinês, Xi Jinping, desde que este tomou posse, em 2012, e seu governo está determinado a conter os distúrbios antes do 70º aniversário da fundação da República Popular da China, em 1º de outubro.
Os manifestantes voltaram a adotar a tática de gato e rato na noite de domingo, reunindo-se e se dispersando rapidamente e reaparecendo em outros locais.