Investing.com - O governo jogou a toalha definitivamente e desistiu de aprovar a reforma da Previdência ainda neste ano. Segundo o líder do governo no Senado, Romero Jucá, a votação deverá ficar para fevereiro.
A decisão de não pautar a reforma, segundo Jucá, foi acertada entre os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). O acordo foi fechado com a anuência do governo.
O governo vinha indicando nos últimos dias que não teria os 308 votos necessários para aprovar a medida e que aceitaria levar o tema ao Plenário da Câmara somente em fevereiro.
O mercado azedou com a notícia e o Ibovespa passa a cair mais de 1%, voltando aos 72 mil pontos, enquanto o dólar avança para os R$ 3,33, alta de 0,7%.
A necessidade de um novo procedimento cirúrgico no presidente Michel Temer também colabora para o cenário de adiamento. Temer é um dos principais articuladores para aprovar a reforma.
Mais cedo, o líder do PSDB na Câmara, Roberto Tripoli (PSDB-SP) declarou que espera o apoio de pelo menos metade dos 46 parlamentares da legenda, isso mesmo com o partido de ter fechado questão. O maior problema é que a sigla não definiu se irá ou não punir os deputados que votarem contra a reforma da Previdência.
O mercado percebeu a sinalização de que o governo tinha desistido ao notar o esforço do Congresso de concluir a votação do Orçamento ainda hoje. Esse seria um sinal de desmobilização dos parlamentares, pois é normalmente a última matéria apresentada em Plenário no ano legislativo. A visão é que sem Orçamento para votar, dificilmente o governo conseguiria quórum e os 308 votos necessários para aprovar a Previdência na próxima semana.
O site do jornal O Estado de S. Paulo mantém um levantamento com os deputados com o voto de cada um. Pela pesquisa, dos 46 tucanos da Câmara, 12 já declaram ser contrários à Proposta de Emenda à Constituição (PEC), e onze favoráveis. Do restante, 15 não quiseram responder e oito estão indecisos. Considerando todos os partidos, 244 deputados são contrários à mudança das regras da aposentadoria, o que inviabiliza a aprovação. Ao todo, o governo precisa de 308 dos 512 votos possíveis.
De acordo com o blog, O Antagonista, o Michel Temer será operado em São Paulo. O quadro não é considerado grave, mas desconfortável e o presidente deve ter alta ainda hoje.
Um sinal claro da dificuldade do governo em obter os votos é que Rodrigo Maia (DEM-RJ) deve deixar a presidência da Câmara dos Deputados, de forma provisória, para poder votar a favor da Previdência.