Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters) - A operadora de planos de saúde Hapvida (SA:HAPV3) espera que o nível de sinistralidade fique estável neste ano e não está vendo mudanças expressivas no nível de inadimplência dos clientes, apesar dos impactos da epidemia de Covid-19 sobre a economia.
A empresa divulgou na noite da véspera um crescimento de quase 56% no resultado operacional medido pelo Ebitda, impulsionado por aquisições que espera que continuem ampliando captura de sinergias nos próximos meses conforme implementa seu sistema de gestão.
"A expectativa é de estabilidade ao longo do ano de nossos níveis de sinistralidade, porque por um lado temos menos pressão de cirurgias eletivas agora, mas por outro estamos criando um backlog de cirurgias para o terceiro trimestre", disse o presidente da Hapvida, Jorge Fontoura Koren de Lima, em teleconferência com analistas.
"Ao longo do tempo isso vai se diluir...de maneira que deve haver estabilidade no ano", acrescentou. No primeiro trimestre, o índice de sinistralidade da operadora que abriu seu capital na bolsa há cerca de dois anos caiu 1,6 ponto percentual sobre o mesmo período de 2019, para 55,4%, excluindo o SUS.
As ações da Hapvida subiam mais de 3% às 14h20, enquanto o Ibovespa tinha valorização de 1,5%.
O executivo afirmou que a companhia, que já investiu cerca de 70 milhões de reais em ações para combate ao novo coronavírus, está vendo sinais de que o auge da pandemia esteja próximo, mas não deu detalhes.
"Já estamos vendo sinais de que isso pode estar acontecendo em algumas de nossas regiões de atuação. Estamos muito otimistas de que o evento pode estar em curva descendente e estamos discutindo planos de desmoblização de algumas praças", disse Lima na teleconferência.
A Hapvida tem atuação principalmente no Nordeste e nos Estados do Pará e Amazonas. A empresa tem feito aquisições e expandiu-se mais recentemente para o Sudeste, Centro-Oeste e Sul, ampliando presença física para 12 Estados.
A empresa encerrou o primeiro trimestre com 39 hospitais próprios e 2.754 leitos, ante 26 unidades hospitalares e 1.823 leitos em março de 2019. E o diretor financeiro, Bruno Cals de Oliveira, afirmou que atualmente a empresa dispõe de 3.090 leitos, dos quais 854 de UTI.
Cals afirmou durante a teleconferência que o reajuste médio a ser aplicado nos preços dos planos da empresa será de 8,8%, o que seria 3 a 4 pontos abaixo da média dos principais rivais da empresa, que vende planos corporativos e individuais.
Essa diferença, segundo o presidente da Hapvida, permitirá ao grupo manter postura comercial agressiva, conquistando participação de mercado em um momento em que o setor de medicina privada relata ociosidade por causa da crise, uma vez que cirurgias e outros procedimentos deixam de ser realizados com as pessoas com medo de se contaminarem com o vírus.
Questionado sobre os custos de internação de pacientes com Covid-19, Lima, que também chegou a ser contaminado pelo vírus, disse que os valores subiram para cerca de 10 mil reais ante quase 9 mil no início da epidemia. Ele afirmou, também sem dar detalhes, que a cifra cresceu com a "implementação de novos protocolos e opções terapêuticas que estão dando mais sobrevida" aos pacientes.