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Harley-Davidson levará parte de produção para fora dos EUA para evitar tarifas retaliatórias da UE

Publicado 25.06.2018, 19:31
© Reuters. Placa da Harley-Davidson no escritório sede da empresa em Cingapura

Por Rajesh Kumar Singh e Sanjana Shivdas

(Reuters) - A Harley-Davidson disse nesta segunda-feira que vai transferir para fora dos Estados Unidos sua produção de motocicletas voltada para clientes da União Europeia para evitar tarifas retaliatórias que podem custar à empresa até 100 milhões de dólares por ano.

As ações da Harley caíram 7 por cento após o anúncio e analistas dos papéis da empresa cortaram previsões de lucro diante de preocupações sobre a rapidez com que a empresa seria capaz de se adaptar à tarifa de 25 por cento de importação que a União Europeia começou a cobrar em 22 de junho.

O presidente dos EUA, Donald Trump, apresentou a Harley como um exemplo de fabricante que se beneficiaria de suas políticas comerciais. Mas a mudança de produção proposta parece uma consequência das tarifas impostas no início deste mês pelos EUA contra o aço e alumínio europeus.

"Acreditamos que a decisão da Harley de proteger a demanda da UE é sábia para a saúde da companhia a longo prazo", disse a Baird Equity Research em nota. "Mas esperamos que o impacto de curto prazo pese sobre as estimativas de resultado até que um caminho mais claro para a mitigação destas medidas seja traçado."

Em comunicado ao mercado, a Harley-Davidson disse que as tarifas de retaliatórias da UE resultarão em um custo adicional de cerca de 2.200 dólares por motocicleta exportada dos EUA para o bloco europeu, mas não forneceu mais detalhes sobre os custos atuais. A motocicleta mais básica da Harley na França atualmente custa 7.490 euros (8.766 dólares).

A companhia disse que não aumentará os preços de varejo ou atacado para seus revendedores, e espera que as tarifas resultem em custos adicional de 30 milhões a 45 milhões de dólares para o resto de 2018 e 80 milhões a 100 milhões de dólares em uma base anual.

Trump prometeu recuperar a icônica marca quando assumiu o governo dos EUA no ano passado, mas, desde então, a companhia tem somado os custos de suas políticas comerciais.

No final de abril, a Harley disse que as tarifas impostas por Trump sobre aço e alumínio elevarão os custos da empresa em 15 milhões a 20 milhões de dólares neste ano além do aumento dos custos com matérias-primas no início do ano.

O conselheiro de comércio e manufatura da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou nesta segunda-feira que o governo quer que a Harley produza mais motos nos EUA. "Queremos Harleys feitas aqui, mais feitas aqui, e isso é o que vai acontecer sob as políticas comerciais do presidente."

© Reuters. Placa da Harley-Davidson no escritório sede da empresa em Cingapura

Em resposta ao comentário de Navarro, um porta-voz da Harley-Davidson afirmou que a companhia deixou clara sua posição no anúncio desta segunda-feira.

No ano passado, a Harley vendeu quase 40 mil motos na Europa, ou mais de 16 por cento das vendas totais da empresa. As receitas da companhia no bloco de países estão no segundo lugar entre as maiores da empresa no mundo, atrás apenas dos EUA.

A Harley afirmou que o aumento de produção em fábricas fora dos EUA vai levar pelo menos nove a 18 meses. A empresa tem três fábricas de montagem fora dos EUA: uma no Brasil, uma na Índia e uma na Tailândia.

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