Por Sumeet Chatterjee e Lawrence White
HONG KONG/LONDRES (Reuters) - O HSBC alertou que pode ter que adiar alguns investimentos este ano, já que o maior banco da Europa teve lucro menor do que o esperado em 2018 devido à desaceleração do crescimento de seus dois mercados domésticos, China e Reino Unido.
As ações do banco caíram 3 por cento e os analistas diminuíram suas projeções de resultado do grupo, uma vez que o HSBC reportou uma queda na receita do quarto trimestre em meio a um recuo nos mercados de ações.
Os resultados falam de um problema mais amplo para os bancos europeus, que estão enfrentando dificuldades para voltar ao crescimento depois de uma década de reestruturação, devido à piora das perspectivas econômicas globais.
No final de seu primeiro ano no cargo, o presidente-executivo, John Flint, disse que o HSBC pode ter que adiar os planos de investimento para evitar não cumprir pelo segundo ano consecutivo uma meta relacionada a monitoramento do crescimento de receitas de um banco em relação aos custos, mecanismo conhecido como "positive jaws".
"Seremos pro ativos na gestão de custos e investimentos para enfrentar os riscos de crescimento de receita quando necessário, mas não tomaremos decisões de curto prazo que prejudiquem os interesses de longo prazo da empresa", disse Flint na terça-feira, depois que o HSBC divulgou um aumento menor que o esperado, de 16 por cento, no lucro antes de impostos de 2018.
Em junho, Flint tinha dito que o HSBC investiria de 15 bilhões a 17 bilhões de dólares em três anos em áreas como tecnologia e na China, mantendo a lucratividade e pouco alterando as metas de dividendos.
"O principal é apenas moderar o ritmo dos investimentos ... não cancelá-los nem mudar a sua forma", disse Flint à Reuters.
O banco disse que não conseguiu atingir números positivos em 2018 devido à fraqueza dos mercados no quarto trimestre.
Os comentários de Flint ocorrem em um momento em que a desaceleração econômica na China desafia a estratégia do HSBC de investir mais recursos na Ásia, onde já obtém quase 90 por cento de seus resultados.
O crescimento econômico da China desacelerou para 6,6 por cento em 2018, o mais fraco em 28 anos, pressionado pelo aumento dos custos dos empréstimos e pela repressão aos empréstimos mais arriscados que frustraram as empresas privadas de capital e sufocaram os investimentos.
A pressão sobre a segunda maior economia do mundo pode aumentar se Pequim e Washington não chegarem a um acordo em breve para encerrar sua disputa comercial que já dura um ano, o que está cobrando um pedágio cada vez maior em economias baseadas na exportação da Ásia para a Europa.
O HSBC divulgou um lucro antes dos impostos de 19,9 bilhões de dólares em 2018, contra 17,2 bilhões no ano anterior, mas abaixo de uma estimativa média de 22 bilhões de dólares, segundo dados do Refinitiv baseados em previsões de 17 analistas.
(Por Sumeet Chatterjee e Lawrence White)