A norueguesa Hydro, controladora das maiores operações de alumina e alumínio primário no Brasil, prevê concluir este ano o ciclo de R$ 8,8 bilhões em investimentos voltados para descarbonização e atualização tecnológica. Iniciado em 2022, o ciclo contou com diversas iniciativas de fortalecimento da geração de energia a partir de fontes renováveis, principalmente solar e eólica.
Com ambições de alcançar a neutralidade em carbono até 2050, a empresa vem realizando parcerias e esforços para ampliar o parque de abastecimento energético no Brasil. A meta até 2030 para todas as operações globais da empresa é atingir a redução de 30% nas emissões de CO2.
Nas operações da Alunorte (PA), a perspectiva é de redução em torno de 35% das emissões de CO2 até o próximo ano, considerando o ano-base de 2017. Essa é a maior refinaria de alumina (matéria-prima do alumínio) do mundo fora da China, e tem peso estratégico dentro do plano de descarbonização da Hydro.
Diversos investimentos foram necessários para descarbonizar as operações da refinaria da Alunorte. Entre elas, a Hydro realizou a aquisição de três caldeiras elétricas, das quais uma já está em operação e outras duas devem iniciar as atividades ainda neste ano. Outra frente prevê a substituição do óleo combustível pelo gás natural utilizado nas demais instalações.
O abastecimento de eletricidade na refinaria da Alunorte passou também a contar com maior participação da geração de matriz solar, por meio do parque solar de Mendubim (RN). Há ainda a previsão de instalação de parques eólicos nos estados do Piauí e Pernambuco para atender à demanda energética da fábrica, no denominado projeto Ventos de São Zacarias.
Conforme mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), os projetos de descarbonização da Hydro têm por objetivo garantir que as atividades no Brasil continuem competitivas, com foco em manter as exportações de alumina para a Europa. No último ano, a União Europeia aprovou regulações que vinculam a entrada de produtos fabricados fora do continente às emissões de CO2. Chamado de CBAM (Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira, em português), as novas regras vão exigir que os exportadores comecem a diminuir a pegada ambiental para continuar vendendo seus produtos no mercado europeu.
Uma parte relevante das exportações da refinaria da Alunorte atende ao mercado europeu, inclusive o consumo das fundições da própria Hydro.
Albras
Além da redução das emissões para aumentar a competitividade da alumina, a subsidiária Albras (que pertence à Hydro e a japonesa Nippon Amazon Aluminium), maior produtora de alumínio primário do Brasil, também tem fortalecido os investimentos direcionados ao aumento da exposição em energias renováveis e mudança da matriz energética. Uma das frentes diz respeito ao complexo solar Boa Sorte, que deverá abastecer 12% do consumo total da empresa nos próximos 20 anos.
O nível atual de emissões da produção de alumínio primário da Albras é de 4 toneladas de CO2 por tonelada de alumínio produzido. O número é menor na comparação com a média global definida pela International Aluminium Institute (12,9 tCO2e/t alumínio). Contudo, no Brasil, a concorrente CBA, do Grupo Votorantim, consegue atingir um nível mais competitivo, de 3,61 tCO2/t alumínio.