Investing.com - O mercado abre nesta manhã na expectativa dos desdobramentos da delação premiada da JBS (SA:JBSS3) que colocou o presidente Michel Temer em uma posição delicada entre a capacidade de reorganizar a base a garantir suporte e a possibilidade de ser retirado do cargo em um futuro próximo.
O Ibovespa Futuros despenca mais de 2,5% e vai abaixo dos 61.500, dando sinais de que o mercado deverá enfrentar novo dia negativo após a leve recuperação de sexta-feira.
A série de vantagens dadas e ao delatores, como o não cumprimento de pena, as possíveis apostas na alta do dólar e venda de ações enquanto estourava a crise no mercado financeiro e a dúvida em relação a edições na gravação, que não foi periciada antes de ser anexada à investigação, deram uma sobrevida a Temer, que conseguiu, politicamente, gerar uma dúvida em relação a seu acusador. O presidente usou o final de semana para se reunir com aliados, voltar a falar duro e dizer que continua no cargo até o fim de seu mandato e tentar, no STF, suspender as investigações. O caso será julgado na quarta-feira.
O país fica em clima de suspensão, enquanto o supremo não se pronuncia sobre o caso, sem chances de discutir ou votar as reformas, como a previdenciária. Nos bastidores, contudo, as articulações coordenadas por Temer para reforçar sua base de apoio e as que negociam o próximo passo após a saída do presidente compartilham o tempo e interlocutores, como o PSDB.
O partido é essencial para que o governo continue tendo sustentação no Congresso e Temer tem dedicado tempo para convencer os tucanos a darem tempo para que ele mostre capacidade de governar. Ao mesmo tempo em que, publicamente, dizem continuar apoiando o presidente, nos bastidores negociam uma solução ordenada para a substituição dele, sem criar mais traumas para o país.
A Eurásia elevou de 20% para 70% as chances de saída de uma substituição do presidente Temer após a divulgação da gravação de sua conversa com o empresário e delator Joesley Batista.
O cenário internacional também segue tenso com novos testes de mísseis na Coreia do Norte e as dúvidas se Trump conseguirá aprovar alguma de suas medidas de estímulo em meio à sua própria crise política. O presidente dos EUA tem acumulado indícios de tentar interferir no FBI para interromper as investigações sobre a relação de aliados com a Rússia, o que provocou uma discussão - ainda preliminar - se esse seria um caso de impeachment.
Commodities em alta
O minério de ferro avançou 4% na bolsa de futuros de Dalian e encerraram o dia a 494,5 iuanes a tonelada. Para a entrega spot, no porto de Qingdao, a commodity ganhou quase 2%, negociada a US$ 62,69 a tonelada.
O petróleo avança quase 1% na expectativa pela reunião da Opep no final desta semana. Os membros do cartel deverão aprovar a extensão do acordo de corte da produção global até março de 2017.
Mercado
Enquanto as condições do mercado vão se deteriorando com a crise política, o BC e a Fazenda articulam ações para evitar danos maiores. O banco central oferece 40 mil contratos de swap cambial logo antes da abertura do mercado e mais um lote de 8 mil às 11h30. Já a Fazenda realiza leilões de títulos do governo.
A Vale (SA:VALE5) terá hoje seu primeiro dia sob o comando de Fabio Schvartsman, que foi selecionado para substituir Murilo Ferreira. O executivo assume com desafios de tocar a empresa em um momento de incertezas em relação ao minério de ferro, a sua reorganização societária e com o caso Samarco ainda sem solução à vista.
A companhia divulgou nota para reforçar a independência na escolha de Schvartsman após a delação da JBS mostrar que Aécio Neves defendia, nos bastidores, ter influenciado o processo.