SÃO PAULO (Reuters) - O mercado acionário brasileiro recuava nesta sexta-feira, invertendo o sinal positivo observado na abertura, enquanto os investidores assimilavam um noticiário corporativo movimentado na volta do feriado de Corpus Christi, com destaque para a saída de Pedro Parente do cargo de presidente-executivo da Petrobras.
Às 13:15, o Ibovespa caía 0,51 por cento, a 76.364,997962 pontos. O giro financeiro somava 7,4 bilhões de reais.
Mais cedo, o indicador chegou a avançar 1,84 por cento na máxima, espelhando o firme desempenho das bolsas em Wall Street e na Europa em um dia de maior apetite por risco no exterior, após indicadores macroeconômicos positivos nos Estados Unidos.
O sobrecarregado noticiário corporativo passou a ditar o desempenho do índice, depois que a Petrobras anunciou o pedido de demissão de Pedro Parente do cargo de presidente-executivo na da companhia manhã desta sexta-feira, em meio a discussões acaloradas sobre a política de preços da estatal.
Após terem as negociações suspensas pela B3, os papéis da petrolífera despencavam mais de 15 por cento, liderando as perdas do Ibovespa. Na outra ponta, as ações da empresa de alimentos BRF Foods registravam o melhor desempenho do índice, passando por leilão ao avançarem mais de 8 por cento. Parente é presidente do conselho da BRF.
"A saída do Parente era uma possibilidade que vinha sendo ventilada nas últimas semanas, ainda ainda assim acho que pegou o mercado desprevenido", disse à Reuters o economista da Guide Investimentos Ignácio Crespo.
Na avaliação dele, os papéis da petrolífera devem continuar sensíveis nas próximas sessões, especialmente enquanto não houver definição sobre quais serão os próximos passos da companhia.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caía 16,9 por cento, e PETROBRAS ON (SA:PETR3) perdia 16,2 por cento, tendo o pior desempenho do Ibovespa, após a notícia da renúncia de Pedro Parente ao cargo de presidente-executivo da estatal, o que levou a bolsa paulista a suspender as negociações de ambos os papeis. A decisão de Parente ocorre após uma forte pressão sofrida com a paralisação de caminhoneiros contra os valores do diesel, que provocou um desabastecimento generalizado e afetou diversos setores da economia.
- BRF ON (SA:BRFS3) subia 8,5 por cento, tendo passado por leilões, enquanto ocupava a primeira posição na lista de maiores altas do índice. De acordo com operadores ouvidos pela Reuters, a saída de Pedro Parente da Petrobras fortalecia rumores que circulavam no mercado desde o começo da semana de que Parente poderia assumir a presidência-executiva da empresa de alimentos.
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) avançava 1,33 por cento, limitando o viés negativo do Ibovespa, dado o seu peso na composição do indicador. Ainda no setor bancário, BRADESCO PN (SA:BBDC4) ganhava 2,2 por cento, SANTANDER UNIT (SA:SANB11) subia 2,40 por cento, mas o estatal BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) seguia na contramão dos pares, com queda de 0,33 por cento.
- SUZANO PAPEL E CELULOSE (SA:SUZB3) subia 1 por cento, após autoridades de defesa da concorrência nos Estados Unidos aprovarem a fusão com a Fibria (SA:FIBR3), em uma transação que criará a maior produtora de celulose do mundo. Ainda no radar estava a retomada gradual das atividades em todas as plantas da companhia, inclusive o escoamento e faturamento de produtos, após o fim da greve de caminhoneiros.
- AZUL PN (SA:AZUL4), que não compõe o Ibovespa, cedia 0,57 por cento, depois que a companhia aérea divulgou prejuízo de aproximadamente 50 milhões de reais com a paralisação dos caminhoneiros nos últimos 11 dias, o que de será contabilizado no resultado operacional do segundo trimestre.
(Por Gabriela Mello)