Dólar enfrenta fraqueza global prolongada com cortes de juros pelo Fed, dizem estrategistas
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa renovou máxima histórica intradia nesta sexta-feira, ultrapassando os 143 mil pontos pela primeira vez, após dados mostrando arrefecimento do mercado de trabalho dos Estados Unidos endossarem expectativas de um corte iminente de juros na maior economia do mundo.
Por volta de 11h10, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 1,58%, a 143.215,71 pontos, tendo alcançado 143.408,64 pontos no melhor momento, superando o topo anterior, de 142.378,69 pontos, registrado em 29 de agosto. O volume financeiro somava R$5,83 bilhões.
Um relatório do governo dos EUA mostrou que foram abertas apenas 22.000 vagas de emprego fora do setor agrícola em agosto, após 79.000 em julho em dado revisado para cima, contra previsão de criação de 75.000 postos. A taxa de desemprego aumentou para 4,3%, de 4,2% em julho.
De acordo com a estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, os números reforçaram a sensação de enfraquecimento da atividade econômica norte-americana, fortalecendo a probabilidade de corte de juros pelo Federal Reserve no próximo dia 17.
Em Wall Street, o S&P 500 operava perto da estabilidade, tendo também renovado máxima histórica intradia.
"Quando o ’payroll’ vem desse jeito, o investidor olha a tela e pensa: ’finalmente uma boa notícia disfarçada de ruim’. Emprego fraco? Pode até ser… mas o rali agradece e o Fed já ganha licença poética para cortar juros", reforçou a Genial Investimentos em relatório a clientes.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL ON avançava 4,75%, em sessão bastante positiva para o setor, com o noticiário ainda destacando medida provisória que garante renegociação de dívidas rurais em "condições especiais". BRADESCO PN subia 3,15%, ITAÚ UNIBANCO PN tinha alta de 1,74% e SANTANDER BRASIL UNIT ganhava 3,65%. Investidores também analisavam anúncio de medidas pelo Banco Central para reforçar a segurança do sistema financeiro nacional, incluindo que nenhuma instituição de pagamento poderá começar a operar sem autorização prévia.
- VALE ON registrava elevação de 1,47%, acompanhando os preços do minério de ferro na China, onde contrato futuro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian fechou as negociações do dia em alta de 0,77%, a 789,50 iuans (US$110,37) a tonelada, apoiado pelo dólar mais fraco frente a outras moedas e por apostas de corte de juros nos EUA.
- PETROBRAS PN recuava 1,03%, enfraquecida pelo declínio dos preços do petróleo no mercado internacional. O barril sob o contrato Brent caía 2,02%, a US$65,64, com crescentes expectativas de maior oferta, além de um aumento surpreendente nos estoques de petróleo bruto dos EUA, somando-se às preocupações relacionadas à demanda pela commodity.
- ULTRAPAR ON avançava 5,88%, endossada por relatório de analistas do BTG Pactual, que elevaram a recomendação da ação para compra, bem como o preço-alvo - de R$21 para R$26. Entre os pilares para a tese, eles citaram um sólido momento operacional, com margens em expansão em todas as unidades de negócio, uma tendência que eles acreditam ainda não estar totalmente precificada pelo mercado. A equipe do BTG também destacou que a ação está com um "valuation" atrativo e expectativa de que a relação dívida líquida/Ebitda atinja 1,5 vez até o final de 2026, "o que deve abrir espaço adicional para alocação de capital, seja via dividendos ou M&A".