Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa avançava mais de 2 por cento na manhã desta terça-feira, em meio a especulações sobre o futuro ministro da Fazenda, após a mídia citar nomes bem avaliados no mercado como possíveis substitutos de Guido Mantega.
O quadro externo positivo corroborava a recuperação no pregão doméstico, com os papéis da Petrobras avançando mais de 3 por cento, após queda de dois dígitos na véspera, um dia após a reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Às 11h52, o Ibovespa ganhava 2,09 por cento, a 51.5566 pontos. O volume financeiro do pregão somava 2,37 bilhões de reais.
Na Europa, o índice FTSEurofirst 300 avançava com resultados melhores que o esperado de algumas blue chips, incluindo Novartis e UBS.
Em Nova York, o S&P 500 (SPX) avançava 0,55 por cento, com resultados corporativos também em foco, além de dados sobre bens de capital e o início da reunião do Federal Reserve.
Operadores ouvidos pela Reuters notaram ainda alguns agentes zerando posições vendidas e realizando lucros, enquanto estrangeiros podem começar a buscar oportunidades na bolsa, passada a eleição e com um quadro menos volátil no exterior.
"As sinalizações na segunda-feira foram mais positivas e sempre há algum crédito para um novo governo, embora no caso de Dilma esse benefício seja bem menor", disse o operador de uma corretora em São Paulo, que pediu para não ter o nome citado.
Entre as indicações bem recebidas no mercado, estão o anúncio por Dilma em entrevista à TV Globo de que novas medidas econômicas serão tomadas a partir de novembro, depois de um amplo diálogo com setores produtivos e financeiros.
Quanto à substituição na Fazenda, saíram na mídia nomes como do presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, do ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa, e o ex-presidente do Banco do Brasil Rossano Maranhão.
"É um movimento de compra de Brasil, com o mercado especulando quem ocupará a Fazenda e esperando um bom nome, ao mesmo tempo que os preços de ativos locais ficaram baratos", disse o gestor Joaquim Kokudai, da Effectus Investimentos.
"O mercado estava muito pessimista com a chance de reeleição de Dilma, com motivos como o desempenho fraco da economia, e quando aparece a possibilidade de vir uma inesperada notícia boa, como Meirelles na Fazenda, o mercado corrige", avaliou.
As ações da Petrobras mostravam algum alívio, com as preferenciais em alta de 3,64 por cento e as ordinárias ganhando 3,3 por cento.
Também repercutia notícia do jornal O Estado de S.Paulo, de que o governo federal está perto de conceder um reajuste nos preços de combustíveis para a companhia.
A equipe do BTG Pactual acha que um aumento é improvável nesse momento e mesmo se vier seria bem pouco e não deveria trazer grande impacto no preço da ação. "Se não reduzir investimento (capex), achamos que a piora do balanço continua mesmo com paridade de importação."
Ainda entre as estatais, Eletrobras e Banco do Brasil também estavam no azul.
A queda do dólar frente ao real, enquanto isso, amparava a correção de baixa em papéis que ocuparam a ponta de alta na véspera, com destaque para o setor de papel e celulose e outras exportadoras, enquanto ajudava Gol.
No caso de Klabin, a empresa também reportou queda de 96 por cento no lucro líquido na comparação anual, diante de maiores perdas com variações cambiais.
Ainda da safra de balanços, Duratex subia apenas 0,61 por cento após o lucro do terceiro trimestre cair pela metade ante igual período do ano passado, sob o peso de vendas fracas e maiores despesas operacionais e financeiras.
Após o fechamento do mercado, CCR, que estava entre as maiores altas do índice, e Cielo divulgam seus números.