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Por Patricia Vilas Boas
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta segunda-feira, caminhando para o sexto pregão consecutivo de queda, em meio a novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil e outros parceiros comerciais, e também com dados que mostraram retração na atividade econômica brasileira no radar.
Por volta de 11h, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, perdia 0,55%, a 135.440,06 pontos, tendo oscilado a 135.120,43 pontos na mínima e a 136.186,67 pontos na máxima da sessão até o momento. O volume financeiro somava R$4,35 bilhões.
"(O mercado) continua ecoando e reverberando bastante a questão tarifária do Trump com o Brasil", disse o líder de renda variável da W1 Capital, Tales Barros.
Os investidores seguem atentos à política comercial dos Estados Unidos, após o presidente Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros.
Fontes ouvidas pela Reuters disseram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu criar um comitê interministerial para ouvir os setores mais impactados pelas medidas.
No sábado, Trump também declarou que irá aplicar uma tarifa de 30% sobre a maioria das importações da União Europeia e do México a partir de 1º de agosto -- mesma data prevista para as tarifas sobre o Brasil.
Em Wall Street, os principais índices abriram sem direção definida, refletindo a reação do mercado às novas ameaças tarifárias contra a UE e o México, no início de uma semana repleta de dados econômicos e de balanços do segundo trimestre.
Na cena doméstica, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), apresentou em maio a primeira contração no ano (-0,7%), em resultado pior do que o esperado sob o peso da agropecuária.
"Isso traz um pessimismo adicional, que acaba sendo como um catalisador para esse movimento de queda marginal que a gente está vendo", acrescentou Barros.
Para o economista Rafael Perez, da Suno Research, a expectativa é de um ritmo de crescimento mais moderado no segundo trimestre em relação ao observado no início do ano.
"Com o esgotamento do impulso do agro, os efeitos da política monetária devem se tornar mais visíveis sobre a economia, tornando a desaceleração mais evidente nos próximos meses", afirmou.
DESTAQUES
- VALE ON (BVMF:VALE3) recuava 1,46%, na contramão dos futuros do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian, na China, encerrou as negociações do dia com alta de 0,26%, a 766,5 iuanes (US$106,92) a tonelada. Na noite de sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) disse que o setor pode reavaliar para baixo seus investimentos no Brasil até 2029, em razão das tarifas de 50% de Trump sobre produtos brasileiros. Se confirmadas, disse o instituto, as tarifas afetarão "significativamente a indústria da mineração nacional".
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) caía 0,52%, seguindo a queda dos preços do petróleo no mercado internacional, onde o barril de Brent tinha variação negativa de 0,06%. No setor, BRAVA ENERGIA ON recuava 0,06%, PETRORECONCAVO ON tinha decréscimo de 0,14% e PRIO ON (BVMF:PRIO3) perdia 0,12%.
- BRF ON (BVMF:BRFS3) caía 3,23% e MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) perdia 3,04%, tendo ainda no radar o adiamento de assembleia que discutiria nesta segunda-feira a fusão entre as empresas. As companhias disseram na sexta-feira que divulgarão oportunamente uma nova data para realização da assembleia. Essa é a segunda vez que a AGE marcada para votar a fusão entre as companhias é adiada. No setor, MINERVA ON (BVMF:BEEF3) perdia 4,09%.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) apresentava retração de 0,09%, enquanto BTG PACTUAL (BVMF:BPAC11) UNIT cedia 0,61%, BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) caía 0,99%, BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) recuava 0,31% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) declinava 1,48%.
- EMBRAER ON (BVMF:EMBR3) ganhava 0,47%, em movimento de correção após registrar cinco pregões consecutivos de quedas. O setor aeroespacial é apontado como um dos mais suscetíveis às tarifas impostas por Trump, já que os EUA representam uma fatia significativa da receita da fabricante brasileira de aeronaves.
- ALLIANÇA SAUDE ON, que não está no Ibovespa, disparava 10,41%, após anunciar que comprará sociedades do Grupo Meddi por cerca de R$252 milhões, com parte significativa da transação sendo paga por meio da entrega de ações, enquanto o valor remanescente será diferido ao longo de cinco anos. Em fato relevante, a empresa disse que o baixo nível de endividamento do Grupo Meddi contribui diretamente para o fortalecimento do balanço da companhia, reduzindo sua alavancagem consolidada.