Redação Internacional, 14 mar (EFE).- A eleição do jesuíta argentino Jorge Mario Bergoglio como novo papa, o primeiro pontífice latino-americano da história da Igreja Católica, foi destacada nesta quinta-feira pela imprensa europeia.
O italiano "Corriere della Sera", de Milão, disse que a escolha foi "geopolítica", como a que levou ao pontificado o polonês Karol Wojtla (João Paulo II).
O turinês "La Stampa" afirmou que um dos grandes favoritos, o arcebispo de Milão, Angelo Scola, foi "traído" por alguns de seus compatriotas (cardeais italianos) desde a primeira votação do conclave.
O jornal "Il Messaggero", de Roma, destacou a mudança que a escolha de Francisco pode causar na Santa Sé e disse que este pode ser o começo de uma época de "simplicidade" após uma "era dos escândalos".
Na Alemanha, o "Suddeutsche Zeitung" lembra que a vida de pobreza levada pelo papa e disse que Francisco pode ser um pontífice de "transição". O jornal afirma ainda que a escolha de um latino-americano foi um grande feito e que Francisco tem a tarefa de "criar pontes com as pessoas, de Roma até o mundo todo".
Na França, o "Le Figaro" disse que Francisco surge como "o papa da fraternidade", enquanto o Le Monde lembrou de seu "passado polêmico" devido aos seus vínculos com a ditadura argentina.
Em sua versão digital, o "Le Monde" afirmou: "O papa Francisco, um santo com passado polêmico para a imprensa internacional".
A publicação disse que "a imprensa da América Latina não deixou de lembrar os vínculos confusos com a ditadura argentina durante os anos 70".
Já o conservador "Le Figaro" trouxe uma imagem de Jorge Mario Bergoglio cumprimentando o público reunido no Vaticano: "Francisco, papa da fraternidade".
O Libération fez um trocadilho com a região do novo papa: "Novo mundo na sacada". Ao fundo, uma foto do papa cumprimentando os fiéis na praça de São Pedro.
Para o jornal britânico "The Guardian" a eleição do argentino Bergoglio "representa um salto extraordinário em relação à natureza conservadora e cautelosa dos últimos dois pontífices".
Segundo a publicação, "a escolha de Jorge Bergoglio demonstra um giro na Igreja para longe da Europa, em direção ao continente onde vive a maioria de católicos". Além disso, frisou que escolher um jesuíta latino-americano "teria sido impensável há 30 anos".
Para o "Financial Times", o novo papa "conta com duas qualidades que poderiam estar a seu favor em sua busca para unir a Igreja Católica. É um homem de uma intensa humildade e está livre de qualquer dos escândalos eclesiásticos que dominaram as manchetes recentemente".
Para o "The Times", "o cardeal argentino que afirma que as Ilhas Malvinas foram 'usurpadas' pelo Reino Unido foi eleito em uma decisão surpresa, que dá à Igreja Católica Romana seu primeiro líder do Novo Mundo". EFE