Por Yasmeen Abutaleb e Amanda Becker e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - Em um duro golpe para o presidente Donald Trump, os republicanos do Senado dos Estados Unidos não conseguiram fazer avançar nesta sexta-feira a legislação para desmantelar o sistema de saúde implementando pelo ex-presidente Barack Obama, conhecido como Obamacare.
Três senadores republicanos --John McCain, Susan Collins e Lisa Murkowski-- se juntaram aos democratas em uma dramática votação na madrugada que culminou com a rejeição por 51 a 49 de um projeto de lei que eliminaria algumas partes do Obamacare.
O resultado é um grande golpe para a batalha de sete anos do Partido Republicano para acabar com a lei de 2010, que foi a maior conquista política do democrata Obama dentro dos EUA.
Por enquanto, o chamado Obamacare, que ampliou o seguro de saúde para 20 milhões de pessoas e levou a percentagem de pessoas não seguradas a mínimos históricos, permanece em vigor e será administrado por um governo hostil ao programa.
Isso deixa as seguradoras de saúde incertas sobre quanto tempo o governo continuará a fazer bilhões de dólares em pagamentos do Obamacare, que ajudam a cobrir despesas médicas de norte-americanos de baixa renda.
"É hora de seguir em frente", disse o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, cuja reputação de estrategista-chefe foi duramente abalada, após a votação do Senado que invadiu a madrugada.
"Este é claramente um momento decepcionante. O povo americano vai sentir por não conseguirmos encontrar um melhor caminho a seguir", acrescentou.
O fracasso de Trump em aprovar a reforma da saúde causou queda do dólar em relação a uma cesta de outras moedas na sexta-feira.
O revés deixa o presidente sem uma grande vitória legislativa depois de mais de seis meses no poder, embora os republicanos controlem a Casa Branca, o Senado e a Câmara dos Deputados. Esperava-se que ele conseguisse fazer mudanças rápidas nos gastos com saúde, impostos e infraestrutura.
"Três republicanos e 48 democratas decepcionaram o povo americano. Como eu disse desde o início, deixe o Obamacare implodir e, depois, administre. Assistam!", escreveu Trump no Twitter após a votação.
Trump repreendeu repetidamente os republicanos do Congresso por não conseguirem superar as divisões internas para revogar o Obamacare, mas não ofereceu nenhuma legislação, nem orientação clara sobre o que ele gostaria de fazer em substituição à lei.
O presidente exigiu em várias ocasiões que o Obamacare deveria ter permissão de se autodestruir, que deveria ser revogado sem substituição e que deveria ser revogado e substituído.
A Lei de Cuidados Acessíveis, nome formal do Obamacare, foi aprovada pelos democratas em 2010, em uma conquista de Obama. A medida forneceu seguro de saúde a milhões de norte-americanos não segurados, mas foi denunciado desde o início pelos republicanos que a consideravam como uma intrusão governamental nas decisões de saúde das pessoas.
(Reportagem adicional de Susan Cornwell e Richard Cowan, em Washington; Saikat Chatterjee e Abhinav Ramnarayan, em Londres)