A desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em maio estimula alta do Ibovespa, diante do aumento da percepção de o processo de recuo da Selic está bem próximo. Com isso, o índice da Bolsa pode ir para um quinto pregão seguido de elevação e mirar novas marcas, a fim de ganhar maior consistência.
Na terça, o Ibovespa quase rompeu a barreira dos 114.900 pontos, ao fechar aos 114.610,10 pontos, em alta de 1,70%, no maior nível do ano e o melhor desempenho desde novembro de 2022. Nesta manhã, na máxima diária, marcou 115.978,12 pontos, em alta de 1,19%.
"A principal notícia no Brasil é a desaceleração do IPCA. Veio um número bem abaixo do esperado, até mesmo da mínima, e isso faz com que cresça a expectativa de início do ciclo de corte dos juros em agosto. A curva de juros precifica que a redução pode começar em 0,25 ponto porcentual, só que o IPCA de hoje aumenta a probabilidade de um corte maior no início do processo", avalia Marianna Costa, economista-chefe do TC.
De acordo com Bruna Centeno, sócia, economista e especialista em investimentos da Blue3 Investimentos, o arrefecimento do IPCA a 0,23%, depois de 0,61% em abril (piso em 0,24%), com a taxa em 12 meses em 3,94% (piso: 3,95%), era uma ótima notícia.
"Era a notícia que agrada ao mercado, ao Banco Central, ao governo e à população como um todo, dado que a inflação elevada encarece o poder de compra e esvazia a renda. E o grupo que ajudou muito foi o de Alimentação, com o índice de difusão mede o quanto a alta de preços está espalhada no IPCA desacelerando. Isso pode ajudar a atenuar algumas medidas de núcleos do BC", avalia Bruna.
Como observa Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, a alta das medidas de núcleos ainda é um ponto de dúvida em relação a um eventual inicio de redução do juro básico. "A questão dos núcleos ainda preocupa o Banco Central, que tem deixando muito claro que são essas medidas ainda estão elevadas. No IPCA de maio, caíram bem, mas ainda estão o dobro da meta comparativo em 12 meses; teto da meta é de 4,75%", afirma.
Paulo avalia que o IPCA mais baixo eleva a possibilidade de uma queda em breve da Selic. "Acreditamos que junho isso ainda não acontecer, mas talvez na próxima. O BC deve se preocupar em preparar o mercado primeiro antes de decidir cortar, para não surpreender o mercado", avalia.
Conforme o operador de renda variável da Manchester, o Índice Bovespa só não sobe mais por conta da moderação externa e após dados fracos do setor externo chinês de maio. "A balança comercial gera certo cuidado com o Ibovespa. Essa fraqueza da China pode impactar as ações daqui e estimular ajuste do Índice", avalia. CSN ON (BVMF:CSNA3) e CSN ON Mineração, por exemplo, caíam 1,14% e 2,10%, respectivamente às 11h13. Já Vale (BVMF:VALE3) mudava o sinal e subia 0,89%, após alta de 0,06% do minério de ferro em Dalian. Petrobras (BVMF:PETR4) subia 2,89% (PN) e 2,63% (ON), em meio à elevação superior a 1,00% do petróleo no exterior.
Lá fora, os investidores demonstram certa cautela em meio ao aumento das incertezas em relação ao crescimento econômico mundial, após dados fracos da balança chinesa e alertas da OCDE de que a recuperação mundial deverá ser fraca.
"Exterior está de lado, sem uma tendência definida. A agenda não conta com grandes indicadores. Deve ser um pregão mais de lado, aguardando a reunião do Fed Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos na próxima semana", avalia Marianna Costa, do TC.
Às 11h33, o Ibovespa subia 0,69%, aos 115.334,71 pontos. Ações ligadas ao consumo figuravam entre as maiores elevações, com destaque para Carrefour (BVMF:CRFB3), que subia 3,92%.